sexta-feira, março 31

Brisa...


Nesta tarde de Primavera,
Através da janela, observo o Mar,
Por detrás destas cortinas de palavras,
Abro as promessas com que fiquei,

E leio-as de lábios cerrados para as manter inteiras.

Foste,
Apenas a brisa que ficou entre os meus dedos,
O que vou fazer com ela?

Na tua ausência,
Tomarei a brisa, a levarei comigo,
A guardarei,
E será a minha mais terna companheira,
Que acaricia o meu corpo,
Dormirá quando durmo,
E cantará aos meus ouvidos canções de Amor,

Com esta brisa que guardo,
No alto da montanha,
Anseio um dia hastear a bandeira do Amor,
Para que esta multidão veja o regresso,

Desta sensação única, mas estranha.

Vou aguardar neste porto por um novo barco,
Para o conseguir lançar ao Mar,
Impulsionado por esta brisa,
E com as velas hasteadas,
Vou admirar o seu navegar,
Num mar azul e terno,
Que reclama o calor da cama e do quarto.

Entretanto vou caminhando por este mundo, procurando a sombra de alguém…


Ao som de Sven Van Hees - Gemini

quinta-feira, março 30

Duas Palavras


Conheço-te de cor,
Ou sei a tua cor?
Apenas duas palavras,
Uma substantivo masculino,
O outro feminino,
Apenas duas palavras,
Com sentidos diferentes,
Mas com o mesmo desígnio…


Será no amarelo do por do sol?
Como a areia da praia,
Como a cor da tua blusa,
Como a cor do mundo,
Precioso e raro,
É quente e torrado,
Como a flor, meio ensonado,
É distante, é perto,
É amarelo,
É mais que certo…


Será no azul do céu?
Como o mar,
E a calma que me inspira,
E que me faz transpirar,
Chamando por mim,
Azul é assim…


Será o verde como um vale profundo e calmo?
Com relva, flores e pássaros que cantam,
Bem longe e que te acalmam,
Uma paz interior que não te deixa,
Não te larga,
Verde como a esperança,
De uma vida melhor,
De um passado pior,
Olhando para a frente,
Pensando para sempre,
Para te sentir melhor…

Será o vermelho como a força dentro de ti?
Como uma brasa, uma fogueira que não se apaga,
Deixa reduzir e escutar,
Tudo á tua volta deixa-me contaminar…


Será o castanho do Outono?
Um Outono quente,
Mas o meu frio também,
Uma idade madura,
E com ternura,
A folha que cai…


Algo que começa e que acaba,
E um ciclo,
Que vai, que vem,
Que vem, que vai,
Para sempre…


Inspirado num post do blog Darkest Shadow e extractos de Dzihan & Kamien – Colores.

My Soul Cries For You

Como te imagino...
É só fechar os olhos,
E surges tu,
Como uma fada antiga duma bruma epopeica e etérea,
Surges, e salvas-me,
E choro perante a inutilidade das lágrimas,
Que te reconhecem e me oferendam perante ti…
Musa divina de cantos meus,
Tornas-te minha fugacidade,
Torno-me teu na plenitude suprema…

Já não reconheço a minha alma,
És tu e eu, sou eu e tu,

Não sei, diz-me...
Apenas te quero,
Ninfa de cristal do sentir,
Aqui o meu coração transmite os teus impulsos,
E a minha alma apenas chora por ti…


Ao som de Margarida Pinto - Apontamento ( Tinha-me esquecido o quanto fantástico é este disco)

terça-feira, março 28

Dura realidade...


Estava muito bem a iniciar mais uma caseira sessão cinematográfica, quando dou por mim a tentar escolher o filme que seria a estreia dessa matinée de cinema. Nessa escolha de películas encontro um que tem por titulo “Secuestro Express”, pela capa e pelo titulo deve ser algum filme estilo “Steven Seagal” ou qualquer coisa parecida…Mas vendo a ficha técnica, reparo que o filme é Venezuelano…bem, sinceramente adoro filmes Sul Americanos, mas de facto se bem me lembro nunca tinha visto até ao momento nenhuma película oriunda deste Pais. Agora um pouco á parte do que quero escrever é tentar explicar o porquê de simpatizar com filmes sul-americanos. A justificação que encontro é a facilidade de descrever no cinema e na literatura as dificuldades sociais, as relações humanas, a corrupção e tudo isto tem por base a extrema pobreza e as dificuldades económicas que a América latina atravessa, sempre teve e irá ter. Infelizmente existem uns vizinhos que vivem um pouco mais "arriba", ainda por cima falam inglês e não conseguem ter esta capacidade humana, além de "chupar" toda as economias Sul- Americanas...ooops, desculpem mas este é o meu lado "esquerdo" a falar...
Bem voltando então ao cerne da questão…o filme narra a história de dois venezuelanos da classe alta, Carla (Lindíssima!) e Martin, feitos reféns por três homens armados durante toda uma noite, enquanto que o pai dela tenta levantar o dinheiro para o resgate. Sem falarmos de vários acontecimentos deliciosos que surgem ao longo das três horas que dura o sequestro. Um pormenor muito importante que não devemos esquecer, actualmente na América latina os raptos, afecta uma pessoa a cada hora. Deixando 70% das vítimas sem vida…
Mais não posso dizer porque não aprecio contar as histórias de filmes…apenas o que posso descrever é que estive cerca de 90 minutos simplesmente “agarrado” ao ecrã, onde no final apenas saiu uma única palavra…Brilhante!
“Secuestro Express” tem algumas semelhanças com o fantástico “Cidade de Deus” de Fernando Meirelles, inclusivamente o realizador Venezuelano (Jonathan Jakubowicz) ensaiou seis meses com não actores das áreas pobres de Caracas que ele retrata. Além de negociar sua presença nas favelas com os "chefes" locais. A comparação com "Cidade de Deus" é aceite, com ressalvas pelo realizador. Ele entende que os pontos em comum entre os filmes se restringem ao tema das discrepâncias sociais e da violência. "Secuestro" inclui a classe alta e trata do tema social numa história que decorre em três horas. Mas é com este pormenor que Jakubowicz consegue expor a complexidade da natureza humana e utiliza a narrativa do filme para explorar a contagiosa luta de classes.
Portanto depois de ver este filme, apenas quero convidá-los a assistir a esta obra-prima do cinema sul-americano.

Mais um passo...


Se pudesse durante mais uns segundos conter o olhar…
Ou no tempo que dura um abraço sentir-te até mesmo mais perto…
Se vislumbrasse por entre as sombras a tua silhueta…
Se pudesse alcançar uma enésima parte do conhecimento,
Ou albergasse a sabedoria suficiente para dar um passo mais até ti…
Se pudesse continuar estas linhas despindo-te…
Se jamais esquecesse o que eu vim fazer aqui…

Apenas sei que fecharei fortemente os olhos até te ver,
Sei que vais sussurrar cada noite ao meu ouvido,
E acompanhar com o teu alento a minha solidão.
O silêncio mais cúmplice me leva até ti,
Desafiando juntos desde o ponto mais alto do equilíbrio.
Já não existe reflexos no espelho,
Apenas recordações de outras vidas desapercebidas nos cinco sentidos.

Quero despertar uma e outra vez do sonho que me prende...
É o calor de um coração talvez incendiado…
Ao som de Nitin Sawhney - Homelands

segunda-feira, março 27

Sentir assim...


Ás vezes a minha alma se descontrola,
Se despista, se amontoa,
Penso em ti, amparado á minha pessoa,
Removendo em meus adentros,
Renovando sentimentos,
Que o passado ali alberga.

Mas hoje vou receber,
Mais e mais este sentimento,
Que inunda minha alma de prazer.

Quero sentir-me amado,
Recebido, quente e brilhante,
Tudo num só momento,
Flutuar na tua pessoa,
Alargar todo o meu tempo,
Para estar junto a ti.

Sentir plena alegria,
De saber que dia a dia,
A ilusão é poder ouvir,
O teu tom, tuas palavras,
E sentir-te assim,
Muito próxima da minha alma,
Muito dentro de mim.


Ao som de Massive Attack - Angel

sábado, março 25

I Feel You


I feel you, your sun it shines
I feel you, within my mind
You take me there, you take me where
The kingdom comes
You take me to, and lead me through
Babylon

This is the morning of our love
It's just the dawning of our love

I feel you, your heart it sings
I feel you, the joy it brings
Where heaven waits, those golden gates
And back again
You take me to, and lead me through
oblivion

This is the morning of our love
It's just the dawning of our love

I feel you
Your precious soul
And I am whole
I feel you
Your rising sun
My kingdom comes

I feel you, each move you make
I feel you, each breath you take
Where angels sing, and spread their wings
My love's on high
You take me home, to glory's throne
By and by

This is the morning of our love
It's just the dawning of our love

Depeche Mode - I Feel You

Devido à minha religião (DM), muitas vezes sou "obrigado" a ouvir o que os Deuses têm para me dizer...

sexta-feira, março 24

I have a dream

Enquanto que a Primavera da minha vida se extingue,
Nego a abrir mão,
Do Verão insensato que convoca á minha porta,
O tempo da paixão.

Observo a cidade,
Onde os meus desejos estão semeados,
E medito sobre a estéril parcela,
Que a minha necessidade deixou vazia.
Penso nos anos,
Em que até ao confim das estrelas,
Persegui um ideal,
Para com profundo assombro,
Descobrir que se escondia,
Quase no meu próprio limite.

Tenho um sonho que estremece o meu espírito,
E me faz recear o amanhecer,
Aqui estou, preso entre duas palavras,
Sendo e não sendo…
No inferno dos escravizados.

Tenho um sonho com luz, olhos de lua,
Pele morena e um sorriso de pérola estelar,
Um sonho, uma mulher,
Que abre a porta do Verão,
E com o seu sorriso selvagem,
Leva a paz ao meu coração,
Faz florescer no meu campo,
As etéreas rosas do amor,
E com a sua doce presença,
Enfraquece as correntes da solidão.

Sonhar faz vibrar,
Só de pensar na sua ternura, beleza,
E no seu doce olhar,

Nasce em mim a sensação de a encontrar,
Mas apenas o tempo o dirá…


Ao som de A Reminiscet Drive - Ambrosia

quarta-feira, março 22

To the moon and back


Inside I know that you are mine
Deep inside I know it´s for a while
In this time you give me so much to smile
It´s alright I will be by your side

Moonlight will shine wherever you sleep
It´s alright, it´s alright
Soon I´ll be there wherever you need
It´s alright and it´s alright

Tonight I want you to see clear
For all time you are my closest dear
I can´t describe dimension of word´s not high
It´s alright you know I´m on your side

Moonlight will shine wherever you sleep
It´s alright, it´s alright
Soon I´ll be there wherever you need
It´s alright and it´s alright

I’ll go where you will go
So far
And I will go with you so far
You know
I’ll care for you

Madita – To the moon and back

Um disco fantástico a descobrir...da melhor música que tenho escutado nos últimos tempos.

terça-feira, março 21

Carícias



Aquelas mãos em toques eternos
em alguns minutos apenas horas se tornaram
Eternos movimentos das pontas dos dedos
Procuravam retorno desejado presente na pele...

Cúmplices, entrelaçados
Numa imagem sem nome, sem entendimento
Sem cobranças
Somente sentimento e desejo

Adoradora química
Dos lábios fortes em toques essenciais
Que nem o melhor de todos que já tive
Poderia imaginar...

Líria Dahlke

Dizem que o Amor está acima de todo o tacto, mas não apenas o Amor entre duas pessoas, mas o Amor em todas as dimensões em que se pode encontrar na vida quotidiana. Não sei muito bem o porquê, mas na nossa cultura não aprendermos a tocar. Muitas vezes utilizamos a nossa pele como um escudo com o qual nos defendemos. De facto tocamos pouco, provocando então uma agressividade latente no ambiente que nos rodeia. Tocar, acariciar, é pensar mais nos outros do que em nós mesmos e é este aspecto que hoje em dia na sociedade cada vez mais egoísta em que vivemos, tem a tendência a desaparecer.


É necessário aprender a tocar e deixar-se tocar. A carícia significa dizer silenciosamente o que se deseja. Com as carícias se admira, se respeita e se ama, assim eliminamos a crispação da vida diária e algo que para mim é muito importante, é conseguir preencher de segurança a outra pessoa quando surgem as duvidas. Em definitivo, acariciar é fazer-se solidário da sensibilidade do corpo que se toca, dito de uma forma mais simples, é colocar-se no seu lugar.
Muitas vezes caímos no erro de pensar que unicamente se acaricia com as mãos, mas que mentes atrasadas!!!! Podemos acariciar com um olhar, com os dedos, com os lábios, com a língua… A intenção é roçar com subtileza uma superfície que se olha, sentir e vibrar com o que existe no seu interior.
As mulheres são as que mais valorizam esta prática, desejam-na com todas as suas forças, mas, na generalidade, é a menos praticada pelo Homem. Estou certo?
Todos devemos aprender que a carícia tem um grande valor em si mesma, possui entidade própria. Necessitamos de nos sentir acariciados, abraçados, beijados. Ohhhh o beijo!!! A mais bela de todas as carícias. Onde colocamos a paixão, carinho e porque não um pouco de carga erótica, onde somos transportados até ás esferas magicas do Amor.
...enquanto escrevo, desejo guardar um guardanapo com a marca do teu baton, para levar a tua caricia perdida sempre comigo...


Sai-me dos dedos a carícia sem causa,
Sai-me dos dedos... No vento, ao passar,
A carícia que vaga sem destino nem fim,
A carícia perdida, quem a recolherá?
Posso amar esta noite com piedade infinita,
Posso amar ao primeiro que conseguir chegar.
Ninguém chega. Estão sós os floridos caminhos.
A carícia perdida, andará... andará...
Se nos olhos te beijarem esta noite, viajante,
Se estremece os ramos um doce suspirar,
Se te aperta os dedos uma mão pequena
Que te toma e te deixa, que te engana e se vai.
Se não vês essa mão, nem essa boca que beija,
Se é o ar quem tece a ilusão de beijar,
Ah, viajante, que tens como o céu os olhos,
No vento fundida, me reconhecerás?


Alfonsina Storni

Alguém que te Ame...

Não te apaixones pelo Amor,
Apaixona-te por alguém que te ame,
Que te espere,
Que te compreenda na loucura,
Alguém que te ajude,
Que te guie,
Que seja o teu apoio,
A tua esperança,
O teu todo.
Apaixona-te por alguém que não te atraiçoe,
Que seja fiel,
Que sonhe contigo,
Que apenas pense em ti,
No teu rosto,
Na tua delicadeza,
No teu espírito e no teu corpo.
Apaixona-te por alguém que te espere até ao final,
Por alguém que seja o que tu não escolhas,
O que não esperes.
Apaixona-te por alguém que sofra a teu lado,
Que ria junto de ti,
Que seque as tuas lágrimas,
Que te abrigue quando seja necessário,
Que se alegre com as tuas alegrias,
E que te dê forças depois de um fracasso.
Apaixona-te por alguém que volte a ti depois de todas as lutas,
Depois de um desencontro,
Por alguém que caminhe junto a ti,
Que respeite as tuas fantasias,
As tuas ilusões
Alguém que te ame…
Ao som de Fiona Apple - When the Pawn...

A infância é o sonho da razão


Depois de mais um aniversário que passou, vejo que neste momento estou muito próximo dos “inta” e afastar-me dos “intes”.
Não podia deixar de agradecer aos meus amigos, devido ao facto de terem sido os responsáveis por um dia no qual me senti uma autêntica criança mimada.
Mas olho bem para mim e vejo que ainda continuo um autentico “miúdo”. Um “miúdo” mas com outras preocupações, outra visão da vida em que ultimamente ao olhar para a felicidade das brincadeiras do meu afilhado, penso ao mesmo tempo nas crianças desse mundo cruel, em que muitas das vezes não conseguem exprimir um sorriso…Quando somos crianças, somos tal e qual como um pedaço de barro onde se pode gravar o que os adultos querem, nossas recordações e experiências…Essas marcas ficam na pele…Essas cicatrizes marcam-se no coração e algumas das vezes parecem esquecer-se…mas nunca desaparecem.
Quando somos crianças, somos mais imaginativos, entregamo-nos sem reservas a todas as ilusões. Quando somos adultos, redobramos a serenidade com que jogávamos quando éramos pequenos. Nunca podemos perder esta infância que faz parte de nós, que não esquece que fomos crianças, que nos ajuda a sonhar pelas noites, que faz com que possamos ver as coisas de uma forma distinta e que nos fazem crer que existe algo magico…que nos ajuda a sermos felizes…

quinta-feira, março 16

Amor...Sempre!


Há amor amigo
Amor rebelde
Amor antigo
Amor da pele

Há amor tão longe
Amor distante
Amor de olhos
Amor de amante

Há amor de inverno
Amor de verão
Amor que rouba
Como um ladrão

Há amor passageiro
Amor não amado
Amor que aparece
Amor descartado

Há amor despido
Amor ausente
Amor de corpo
E sangue, bem quente

Há amor adulto
Amor pensado
Amor sem insulto
Mas nunca, nunca tocado

Há amor secreto
De cheiro intenso
Amor tão proximo
Amor de incenso

Há amor que mata
Amor que mente
Amor que nada, mas nada
Te faz contente, me faz contente

Há amor tão fraco
Amor não assumido
Amor de quarto
Que faz sentido

Há amor eterno
Sem nunca, talvez
Amor tão certo
Que acaba de vez

Há amor de certezas
Que não trará dor
Amor que afinal
É amor, Sem amor

O amor é tudo,
Tudo isto
E nada disto
Para tanta gente

É acabar de maneira igual
E recomeçar
Um amor diferente
Sempre, para sempre
Para sempre

"Donna Maria-Tudo é para sempre"

O Amor não se partilha,
Não se substitui, dá-se por inteiro.
O Amor que é mais que bem querer,
Não cabe no corpo,
Não se traduz em palavras,
Nem se explica em desenho.
O Amor chega bem lá no fundo,
Por vezes bate devagar e em silêncio.
Outras vezes surge com tal força,
Que apenas deixamos o corpo,
Fluir sem nenhum esforço.

quarta-feira, março 15

I Want You Now

I want you now
Tomorrow won't do
There's a yearning inside
And it's showing through
Reach out your hands
And accept my love
We've waited for too long
Enough is enough
I want you now

My heart is aching
My body is burning
My hands are shaking
My head is turning
You understand
It's so easy to choose
We've got time to kill
We've got nothing to lose
I want you now

And I don't mean to sound
Like one of the boys
That's now what I'm trying to do
I don't want to be
Like one of the boys
I just want you, now

Cause I've got a love
A love that won't wait
A love that is growing
And it's getting late
Do you know what it means
To be left this way
When everyone's gone
And the feelings they stay
I want you now

Depeche Mode - I Want You Now

Podemos percorrer o mundo em busca de inspiração mas acabamos sempre por voltar ás palavras que nos fazem sentir o que somos…
"In a world full of nothing Though it's not love it means something"

Dreaming my Dreams with You

O brilho do teu sorriso estende-se infinitamente,
Golpeia o meu mundo de repente,
Provoca este sentimento que urge,
Uma sensação estranha que me esvazia e me preenche.

Meus olhos caçam os teus, sedentos de paixão,
E unidos, nossos olhares conversam, aproveitando a ocasião,
Expressam mil desejos sussurrando num universo de silêncios,
Se alimentam com anseios e proibidos desejos.

Na profundidade desses obscuros e intrigantes olhares,
Encontramos um local onde se entrelaçam as nossas almas,
Um local de onde sucede o impossível, onde todas a leis e regras são violadas,
Nossos corpos se fundem, somos uma vida com prazeres singulares.

Aventuramo-nos por esse mundo, de mãos dadas,
Voamos por dentro e mais adentro iluminando tudo com um beijo,
Encontrando fadas que cumprem os nossos sonhos,
Encontrando demónios que fogem da nossa verdade,
Sonhos que derramam lágrimas de desejo,
Sonhos que gritam e se fundem,
Sonhos que ao cumprirem-se, nos retornam á realidade
.


Ao som de Craig Armstrong - The Space Between Us

segunda-feira, março 13

Relações


Humm!!!… Que lindo dia, cheira a Primavera. Aqui estou eu a olhar para esta imensidão de azul onde não consigo distinguir o mar do céu. Esta calmaria que penetra em mim faz-me pensar sobre a vida, o quanto as relações humanas são complicadas, a meditar sobre o relacionamento ideal. Será mentira se disséssemos que quando estamos com uma companheira, não esperamos receber o mesmo que oferecemos, refiro-me a que quando decidimos iniciar uma relação com alguém, não o fazemos porque sentimos que essa pessoa está a dar o mesmo que sentimos por ela.
Outra coisa distinta é que damos sem medir, independentemente do que estamos a receber, porque eu dou sem qualquer tipo de condições, e mais, se sinto que essa pessoa oferece-me apenas metade do que estou a contribuir, então vou dar o dobro.
Com isto quero dizer que quando estamos com alguém, temos que aceitar essa pessoa tal e qual como é, sem tentar modificá-la, porque se alguém mudar, terá de ser por sua livre iniciativa e vontade e não devido a alguma coisa imposta. Assim temos a liberdade de decidir se queremos ou não estar com essa pessoa tal e qual como é, aceitando os seus defeitos e perdoando seus erros. Neste momento olho para trás no tempo e posso afirmar que quando chegamos a uma certa idade, é praticamente impossível estarmos á espera que a outra pessoa consiga mudar aquele ou o outro defeito de que não gostamos. Numa determinada altura da nossa vida ficamos com as nossas virtudes e defeitos tão marcados dentro de nós que parecemos um “bunker” no qual ninguém consegue entrar e alterar nada.
Creio que uma relação é poder estar com alguém sem mudar a nossa vida, é decidir, compartir duas vidas numa só, completando-nos com essa pessoa e sempre respeitando a parcela pessoal de cada um. Porque se é certo que essa relação se baseia na confiança, mas também é verdade que existe sempre alguém que necessita de um momento para estar só e ter o seu “espaço”, e não é devido á companheira ser desagradável, simplesmente de vez em quando necessitamos.
É um pouco complicado falar de relacionamentos, mas…as relações são sempre delicadas ate conhecermos e juntarmo-nos a essa pessoa;-)
Ao som de Einstürzende Neubauten- Ein leichtes leises Säuseln

Eclipse

Era uma vez num pacífico mundo da fantasia um Sol e uma Lua. O Sol era presunçoso, forte, onde fosse gostava de ser o protagonista, era admirado pelo seu carácter optimista, capaz de embelezar cada momento infeliz, bastando olhar para si. Quando as plantas se sentiam deprimidas, ali estava ele para lhes dar o calor dos seus abraços.
Desde o seu habitat, o Sol contemplava orgulhoso o ritmo da vida a passar. Também ali vivia a Lua, ela era tímida, deixava-se ver quando todos dormiam e poucas vezes mostrava o seu rosto completo, insinuava sua figura deixando antever apenas parte da sua face. Era subtilmente delicada…mas nos dias de sua plenitude, resplandecia por cima do firmamento. Dando a mais impressionante claridade á vida que se rendia debaixo de seus pés.
O Sol tinha ouvido falar da Lua, as nuvens quando se juntavam para o visitar, tinham-lhe falado sobre ela, a sua feminilidade mais linda e delicada que elas conheciam. As nuvens passavam longos períodos apenas a descrever a doçura do seu perfil e o sorriso que habitualmente expressava. O Sol não acreditava que tal beleza existisse, pensava que as nuvens geralmente apareciam para descrever a beleza da Lua, simplesmente para o enganar.
Durante a noite as jovens nuvens, aproximaram-se silenciosamente da Lua e descreveram como era o Sol, sua força e vigor. A Lua nos seus sonhos imaginava-se nos braços do astro Rei e idealizava a figura começando a sentir esse “Amor Lunático” por ele.
Os dias passavam, desde o seu trono o Sol observava homens e mulheres amando-se, lá em cima conseguia ver como eles estremeciam debaixo dos seus abraços, unindo os seus corpos num só, pareciam fundir-se como uma gota de agua que cai em terra seca. Nesses momentos recordava-se da Lua, embora não acreditasse na história das nuvens, mas desejava com todas as suas forças que um ser assim pudesse existir.
Entretanto as nuvens decidiram marcar um encontro entre o Sol e a Lua, essa era a única oportunidade de os juntar. O Sol incrédulo, aceitou, no fundo do seu núcleo ardia o fogo da esperança.
Nessa tarde o Sol observou com atenção um homem e uma mulher, ela era muito similar ao perfil que as nuvens haviam descrito a Lua. O olhar fixo do Sol sobre ambos, começou a gerar a sensação física de calor. O homem passava as mãos sobre o corpo dela, tirando parte do seu suor que se fundia na pele. O Sol observava as suas caras, ela sorria e ele aproximava os seus lábios ate aos dela para terminar a acção num impulsivo beijo.
O homem e a mulher estavam desnudos na areia. O olhar do Sol sobre eles, era fixo, penetrante, não perdia detalhe da situação, participava com paixão e calor. Conseguia ver as formas redondas do corpo feminino, o calor começava a ficar insuportável.
No horizonte observava-se o céu algo nublado, aproximava-se um grupo de nuvens. Elas observavam hipnotizadas, esta cena tão tórrida.
O Sol estava a ficar excitado, observou como ele se apoderou da doçura feminina, em cima movia-se como um vaivém imparável e ela agitava-se suavemente…
O Sol estava a entrar num autêntico frenesim, as nuvens em silêncio lá no fundo sentiam-se provocadas e excitadas, o céu estava escuro, parecia que se avizinhava uma tempestade. As nuvens cada vez ficavam mais apertadas para ver de perto os amantes na praia e ao fundo do firmamento a Lua começou a surgir.
O Sol rapidamente se voltou, impressionado por tal situação, deixou de prestar atenção aos amantes. Lentamente aproximou-se da Lua. As nuvens olharam com atenção essa orgia da natureza…começaram a chocar umas com as outras, estavam muito excitadas…parecia que a noite se apoderava da paisagem, de repente uns gritos profundos escutaram-se na areia. O par ritmicamente fundidos num beijo chegaram ao clímax. Entretanto as nuvens soltaram seus fluidos de paixão em forma de chuva sobre o corpo masculino e feminino que jaziam na areia e um esplendoroso eclipse solar assistia a esta caixa de prazeres.
Ao som de DJ Shadow - Endtroducing...

sexta-feira, março 10

A única verdade...

Hoje quero fazer da noite uma festa,
E das andorinhas, águias,
Quero fazer da lógica o absurdo,
E dos teoremas borboletas,
Quero que se subvertam as essências,
Que o lobo seja cordeiro,
E o escravo, mestre.
Quero que os rios corram da foz para a nascente,
Quero que os ricos gastem todo o seu dinheiro,
Quero dar a volta ao mundo como um acrobata,
Quero que os dados sejam jogados no céu,
E que cada pinta seja uma estrela.
Quero o que detesto quando sou,
Sério e formal.
Quero o imprevisível,
Quero correr desnudo perseguido por vampiras,
O reverso, o insólito,
O que sempre neguei,
Mas chego ao fim e a única realidade que quero,
Não sabem?
Apenas...tu…


Ao som de Peace Orchestra

quinta-feira, março 9

a little on my dark side

Alguma vez sonharam em ser alguma personagem de banda desenhada, algum herói de um filme, em definitivo, alguma personagem de ficção?
Desde pequeno creio que sempre me senti identificado com a personagem do vampiro. Principalmente na altura do Carnaval a minha fantasia preferida era sempre o Conde Drácula. Não é que seja um grande apreciador de sangue, mas aprecio morder uns pescoços sedosos com perfume a desejo. Para não falar que sempre gostei de ler e ver assuntos relacionados com o vampirismo e o oculto, mas agora reconheço que era uma forma de conseguir convencer os meus pais a deixarem-me ir um pouco mais tarde para a cama. Também posso contar pelos dedos de uma mão...bem talvez duas, as ocasiões em que tive de dormir com os meus Pais ou Avós devido ao facto de ter assistido a filmes de vampiros e demónios muito miúdo.
A questão é que sempre gostei de imaginar viver na noite, voar por cima dos telhados, visão nocturna…mas principalmente voar em cima das nuvens iluminadas pela Lua.



I'm shying from the light
I always loved the night
And now you offer me eternal darkness

Á parte dos vampiros, sempre fui atraído pelo mundo da fantasia, das fadas, seres mitológicos e foi aqui que me apaixonei por um livro “As Brumas de Avalon”.


«As Brumas de Avalon (The Mists of Avalon) é uma obra marcante e de visão particularmente única. A vida do Lendário Rei Arthur e seus cavaleiros, sob a óptica feminina da autora Marion Zimmer Bradley é fascinante, os detalhes que envolveram as verdadeiras protagonistas de toda a trama, o objectivo cobiçado pelas Damas de Avalon, são de tal espécie singulares, que todo o universo mítico é repensado, reestruturado. A história desta lenda é uma mistura da verdade e da fantasia, de mitos e rituais mágicos. O amor e o encanto sagrado estão sempre presentes. Passa-se num tempo onde os mundos estavam ligados e a verdade era pura. Diz-se em dado momento "que essa coisa de uma história verdadeira não existe. A verdade tem muitas faces e a verdade é como a velha estrada para Avalon: depende da nossa própria vontade e dos nossos pensamentos, para onde é que a estrada nos leva, e se, no fim, chegamos à Ilha Sagrada da Eternidade”.»

And if I show you my dark side
Will you still hold me tonight?
And if I open my heart to you
And show you my weak side
What would you do?

quarta-feira, março 8

Morpheus

Doce a hora em que inicio a noite junto a ti! Quando o sonho vence e só o silêncio marca o sono, quando tudo fica calmo, calado, apenas as respirações flutuando no ar, como ondas que chegam á praia.
Ressurge na minha visão…eternos sonhos cheios de desejo, que se fundem na minha mente, como fossem colocados a ferro em brasa, introduzem-se em mim e revivo na minha pessoa um profundo sentido, não vivido mas desejado.
Os meus olhos entreabrem-se vendo uma pequena luz que penetra através das persianas, invadindo o quarto, a lua timidamente aparece dando-me a sua luz prateada.
Eu vigio o teu doce sonho, que adivinho que seja agradável, porque o sorriso no teu rosto, anuncia tudo. Entre as sombras vislumbro o teu corpo, aproximo-me de ti chegando á tua silhueta, tentando ser parte do teu corpo e sentir-te assim, mais minha.
Sinto o calor do teu corpo, que me chega pouco a pouco e como se move ao sentir-me acoplado á tua pessoa, coloco a minha mão no teu peito, que relaxadamente assume o seu vaivém respiratório e incomoda-te, por esse movimento interrompo a pureza do teu sonho, mas de imediato volta a sua glorificante intensidade nocturna.
Humm…o teu aroma. O qual quero absorver e embriagar o meu ser com o teu odor, reparo que o meu corpo começa a ficar pesado, relaxa-se sentindo a musica do teu respirar, que junto ao meu é acompanhado, unidos vão preenchendo a noite com essa musicalidade que me faz lembrar o sono.
Logo dou a volta para o outro lado da cama e entrego-me a dormir, já não vejo a claridade e sinto um vazio, a frieza de estar sem ti faz-me estar inquieto e torno-me confuso, mas de imediato sinto que giras até mim, sinto que esse vazio preenche-se com a tua alma e nos vamos aproximando.
O teu braço estende-se, convidando-me ao prazer, vou ao teu encontro, meu corpo acerca-se do teu, minha perna abraça a tua cintura querendo agarrá-la para sempre. A minha cabeça repousa nos teus seios e assim dormimos com a segurança de estarmos unidos, não nos braços de Morfeo, mas desse desejo que nos une... nem que apenas seja em sonhos…

Pérolas


There is a woman in somalia
Scraping for pearls on the roadside
There's a force stronger than nature
Keeps her will alive
That's how she's dying
She's dying to survive
Don't know what she's made of
I would like to be that brave

She cries to the heaven above
There is a stone in my heart
She lives a life she didn't choose
And it hurts like brand-new shoes
Hurts like brand-new shoes

There is a woman in somalia
The sun gives her no mercy
The same sky we lay under
Burns her to the bone
Long as afternoon shaddows
It's gonna take her to get home
Each grain carefully wrapped up
Pearls for her little girl

Hallelujah
Hallelujah

She cries to the heaven above
There is a stone in my heart
She lives a life she didn't choose
And it hurts like brand-new shoes

Sade - Pearls

Hoje,8 de Março é o dia internacional da Mulher, data que pretende homenagear a mulher pela sua dignidade e o seu papel na sociedade. É obvio que não podia deixar passar este dia sem a minha dedicatória. Aliás, o que éramos nós homens, sem as deusas das mulheres…

Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.
Elas batalham por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se pela injustiça.
Elas não levam "não" como resposta quando acreditam que existe melhor solução.
Elas andam sem novos sapatos para suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao médico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.
Elas choram quando suas crianças adoecem e alegram-se quando suas crianças ganham prémios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre um aniversário ou um novo casamento.

Pablo Neruda - Mulheres

terça-feira, março 7

Sou como Sou...


O tempo não existe,
Apenas existe o agora,
O presente, o momento,
Só o intuito de compartilhar,
E encontrar alguém que se dê livremente,
E ofereça a sinceridade,
Que sinta a verdade.

Sou como sou,
Assim vou de onde estou,
Apenas comigo e com os meus amigos.
A eternidade é um conceito,
Onde vivemos na pura representação,
Mas estamos sozinhos no presente,
Com tempos de fazer e desfazer,
Com acertos e desacertos,
Mas o mais importante é agir com o coração,
E ser compreendido como sou,
Real, não apenas uma ilusão.

Sou como sou,
Uma pessoa com coisas boas,
Sim, mas também tenho defeitos,
Mas sou sincero e ajudo se puder,
Sou amigo e dou-me no que sou,
Quando é necessário estar, estou.

A vida é uma batalha,
Podemos falar e discutir,
Podemos partilhar a paz e a guerra de cada vez,
Com outras pessoas e outro dia,
É assim e assim será.

Não importo de tocar no que se vive,
Sentir que no presente é o ser,
Conta dar o que dás e a tua força manifestar,
Deixa-te fluir e cada qual deve agir á sua maneira,
Tal e qual como és, o resto, o que for não importa.

A amizade surge no caminho,
Não se sabe em que paragem,
Nem sequer a morada,
Mas quando chega,
Ai sim, somos os melhores,
É como chegar ao fim destes labirintos,
É encontrar uma direcção, uma estrada.

Assim desta maneira,
Sinto a amizade e o amor,
Que quando nasce me consome,
E partilho com quem quiser,
Para não existir esconderijos nem mentiras.

Sou como sou
Sigo fiel ao meu ser
Esta é a minha forma de entender
Se falares, posso compreender…


Ao som de Zero 7 - Simple Things

segunda-feira, março 6

All Flowers


By Demony
my eyes are
a baptism
oh i am filth and sing her
to my face
oh phantom elusive thing oh,

all flowers in time bend towards the sun
i know you say that there's no-one for you
but here is one, here is one... here is one

one that can never be known
either all drunk with the world at her feet
or sober with no place to go

all flowers in time bend towards the sun
i know you say that there's no-one for you
but here is one, here is one... here is one

we could go
we can travel round
fading farther from me
with your face in my window call

when will you weep for me
sweet willow

it's ok to be angry
but not to hurt me
your happiness, yes, yes, yes
darling, darling, oooh...

all flowers in time bend towards the sun
i know you say that there's no-one for you
but here is one, here is one... here is one

Jeff Buckley - All Flowers In Time Bend Towards The Sun

Esta Cidade Que Adoro...

Esta cidade envolve-me com a sua obscuridade,
Com a sua tranquilidade ruidosa,
Com o seu som,
Com um silêncio acompanhado.
Passando pelas suas ruas estreitas e amplas avenidas,
Respiro o seu aroma.
Molho os sapatos com a chuva,
Recém caída, tosca,
Cidade com caos ordenado quando o sol aparece…
Cidade com caos desordenado quando chove.
É a magia de caminhar,
Pisando charcos,
Contemplo a minha face reflectida nas montras de lojas,
Observo o meu corpo nas luas de vários bares,
Vejo as minhas dedadas na lama.
Notando a humidade que cobre cada poro da minha pele,
Este odor de esgoto entupido,
Chuva libertadora desta podridão embutida,
Homens do lixo de uma cidade marítima,
Arrastando ódios, intrigas, invejas,
Que são impossíveis de arrastar no seco,
E que fedem como demónios sem chuva.
E sigo caminhando…
Sim, pouca gente passeando pelas ruas,
Mas não me considero gente, apenas cidade,
Semáforo vermelho, fico em silêncio,
Semáforo verde, tento não pisar o excremento canino.
Vou andando por esta cidade,
Com esta luz fantasmagórica, irreal.
Estou próximo de casa,
Introduzo as chaves na fechadura,
Olho para trás,
Respiro vida,
Tiro a roupa molhada,

Desejando que esta tarde seja eterna,
Apenas para sempre,
E nunca chegue o dia em que tenha de deixar esta cidade,
Adoro-te…

sábado, março 4

Viagem Corporal


Toco no teu corpo
Percorro a tua pele, prezo cada centímetro
Meus lábios, minha língua, meus dedos, parecem um exército que avança
Em cada poro que se atravessa no meu caminho
Reconhecendo a paisagem inexplorada
Sempre com um prazer distinto
Hoje vou ser tudo, porque ontem não era nada.


Os teus pés dão a boa vinda
Vou subindo, paciente e impaciente
Caminhando nas tuas pernas
Morenas e macias é tudo o que deseja a minha mente.


Primeiro presságio de uma expressão selvagem
Num salto ascendo á tua boca
Nos teus pequenos lábios bebo o desejo
Na tua língua saboreio a excitação, que não é pouca.


Enquanto os meus dedos batalham no teu cabelo
O teu pescoço de pele macia e morena
Oferece-me uma estrada
Onde beijo com agrado e com apelo.


A minha boca, sedenta mas sem pressa
Vai deixando marcas da sua passagem
Mordendo delicadamente o teu pescoço
Olho para o teu ombro e aprecio a tatuagem.


No teu corpo existe um sentimento inocente
Não sei onde andam as minhas mãos
Elas tocam sem repousar
Os teus peitos rosados e imponentes.


Na doce fortaleza dos teus seios
Sinto, estimulo, desfruto
A humidade da minha boca está sedenta
Quero perder-me nos teus devaneios.


Agora que penetro na parte mais húmida e escura do teu universo
É glorificante a excitação!
Agora neste rio interminável
Os nossos corpos se misturam num autêntico tesão.


Com as tuas pernas faz-me um nó na cintura
Com os teus laços consentidos
Beija os meus lábios molhados
Estamos rendidos a esta tortura.


O êxtase chega, terminamos e abraço-te
Na redondeza perfeita do teu ventre
Da delicada tensão crescente
Da pele imensamente lisa e ofegante
Sinto o teu cheiro misturado ao meu
Cheiro que eu adoro…



Sinceramente, a paciência não é muita devido a uma “adorável” constipação, e como as palavras nunca se gastam no tempo, coloquei um poema que escrevi num certo periodo...
Queria dedicá-lo a todos os amantes…é verdade, a todos os amantes que de certeza não têm vontade de sair de casa com este frio e chuva que faz lá fora... e um pouco de erotismo não faz mal a ninguém, antes pelo contrário…

Viagem Alucinante



Se existem grupos musicais pelos quais tenho algum “amargo” de boca porque nunca tive a possibilidade de os ver ao vivo, é sem dúvida os Pink Floyd. Mas ontem á noite no pavilhão atlântico esse “amargo” transformou-se em algo mais doce. O projecto “Of the Wall” que é constituído por vários músicos que decidiram prestar uma homenagem a uma das maiores bandas rock de todos os tempos fizeram uma actuação fantástica. Revisitando os maiores êxitos dos Pink Floyd, conseguiram transportar-me numa viagem alucinante, psicadélica mesmo. Existiram vários momentos em que nem assisti ao grande espectáculo visual em palco, fechei os olhos e saboreei o momento, viajando por mundos onde nunca tive a vontade de colocar os pés no chão. Talvez a grande recordação com que fiquei, seja a grande variedade de idades que ontem estiveram presentes, desde teenagers,casais com os seus pequenos filhos até aos mais idosos e não estou a exagerar se disser que rondavam os 60 anos. Aos quais foram apelidados dos casais naftalina. Realmente o poder da musica!
Os momentos altos da noite sem duvida que foram, “Hey You”, “Another Brick In The Wall”, “Comfortably Numb” , "The Great Gig In The Sky" e especialmente “Wish You Were Here” e mais uma vez ficou provado que o publico luso é a melhor audiência do mundo…

So, so you think you can tell
Heaven from Hell,
Blue skies from pain
Can you tell a green field
From a cold steel rail?
A smile from a veil?
Do you think you can tell?

And did they get you to trade
Your heroes for ghosts?
Hot ashes for trees?
Hot air for a cool breeze?
Cold confort for change?
And did you exchange
A walk on part in the war
For a lead role in a cage?

How I wish, how I wish you were here
We're just two lost souls
Swimming in a fish bowl,
Year after year,
Running over the same old ground.
What have we found?
The same old fears
Wish you were here

quinta-feira, março 2

Vazio...


Nesta espera,

A imensidão de pensamentos que me ocorrem entontecem-me,
Caio em mim mais uma vez sem saber que reflectir,
Não há um padrão a seguir e continuo,
Sigo mudo pelo espanto,
Atónito, entre a alegria e o assombro,
O anseio e o receio,
O medo que me abarca e traz ao chão,
Luto sempre comigo,

A maior guerra é em mim,
Controlo e descontrolo a saudade,
Momentos de alegria,
Lágrimas guardadas,
E um branco transparente a clamar paz,
Esta paz que não tenho,
Esse sentimento é nobreza,
Integridade, generosidade?
Fico-me pela arrogância, o capricho, a leviandade,
Fico pelo azul que é fácil,
Não almejo mais na fraqueza,
E sigo, sigo sempre sem olhar em frente,
Sou arrastado pela onda da vida,
Debato-me mas não com força que chegue,
Resigno-me ao fado e ao destino,
Protesto mas não reajo,
Reivindico mas não conquisto,
Falo mas não ajo,
Amanhã mas não hoje,
E fico nesta aparência que sou e me torno,
Uma bolha de ar que se ilude,
Que me dera ser água,
Mas nem vapor sou,
Só a promessa de ar,
Um vazio,
Que ninguém vê!

Ao som de Sade - Lovers Rock

quarta-feira, março 1

Subconsciente


Hoje ao olhar através da janela este céu negro parece encobrir o meu estado de ânimo. A verdade é que não me apetece deixar as portas abertas.
Começo a circular, sim, pego no volante da minha vontade e vou alterando o rumo em busca do positivo. O destino situa-se em tudo aquilo que durante instantes me faz sorrir e recordo com nostalgia. Entretanto, a pressão apodera-se do meu corpo. Está na hora de pegar em papel e numa caneta e escrever sem um rumo fixo, quase á deriva. Deixando que a própria inércia me dirija ate a esse lugar escondido que nem eu sei se existe ou não.
Em primeiro lugar acendo as velas e os incensos, adoro sentir os odores que me tragam o cheiro da pele feminina. De seguida ajudo o meu pequeno veleiro, cheio de carga, a iniciar a sua excursão, tal e qual um balão que aproveita os impulsos do vento e do seu condutor.
Pouco a pouco, com cada linha, a embarcação volta-se ligeiramente e a mente acompanha essa sensação, muito mais transparente e clara. Com esta visão, faço um pequeno sorriso, inspirado pelas luzes desta cidade.
Está na hora de ancorar o barco, parar. Durante uns segundos vou permitir que o mundo gire a seu ritmo e permaneço como um mero espectador, integrado na natureza como um elemento mais decorativo, vou escutar e dar conta que devo voltar a nado. Com cada braçada sinto que o meu corpo fica mais pesado, mas não o suficiente para cansar. Não, nunca gostei de me afastar em demasia da praia. Nela descansa a minha toalha, meu abrigo. Repousa a estabilidade de uma terra firme, não desejo perde-la de vista. Ao mesmo tempo que nado, consigo observar muitas pessoas á deriva, sem rumo, sem sentido.
Agora, desde a areia, olho para o mar, para ver o meu veleiro. Ali está…
Releio o que escrevi e quando definitivamente me dou conta do complicado que resulta entender o pensamento humano, as atitudes e sentimentos. Medito sem entender o sentido do que está escrito.
Ao colocar-me de pé, compreendo a viagem pela minha fantasia, os lábios estão ressequidos pela concentração desta viagem fugaz. A ponta da minha língua surge subtilmente para aliviar a sensação e capto o sabor salgado. Um sorriso se escapa…dirijo-me á janela para ver a minha cidade, observo o mundo a passar e algumas estrelas a protegerem vidas. Agora, de um golpe sinto-me feliz e afortunado só de te ter.. na minha mente…

Máscara de Carnaval

Disfarçada de tentação, máscara de cor vermelha,
Passas a meu lado e a tua roupa toca-me com provocação,
Esse toque furtivo desperta-me o desejo,
Que está adormecido sofrendo, dor de amor,
Através dos teus olhos e das tuas mãos,
Vejo que existe algo de familiar e exótico em ti, refinado
Será o desejo e não sei se é ou não o absurdo.
Conheço-te e desconheço,
Desejo-te e persigo-te,
Por largos corredores que escurecem com a noite,
Não te dás por satisfeita, teus quadris, tua cintura estreita,
Tua fragrância a jazmin,
Correm como o vento, fugindo da luz.
Tu que me atraís, alegras, inspiras e seduzes,
No teu corpo encerras o segredo,
No silêncio a palavra que indique o teu nome,
Máscara de Carnaval, deusa do inferno, tão temida,
Beleza que arde na pele e morre na consciência,
Desejo-te e sem saber quem és…Vénus, Afrodite ou a princesa das trevas…