sexta-feira, junho 30

Over The Rainbow

Heure hindoue, rentrer tard
Tard ou tôt, c'est comme on l'entend
Et j'ai l'idée d'une idée dans les airs
Et décoller de ce bitume et ces pavés
A fond de cale dans l'air silencieux
Oublier cette putain de pluie, la nuit est finie
Peut-être enfin demain nous appartient

Gemini, même si je n'suis rien, si j'suis personne, personne,
Gemini, un grain de poussière dans la grisaille
Gemini, un parfum qui vient de quelque part
Où les portes ne sont pas closes
Over the rainbow

Heure hindoue, rentrer tôt
Tôt ou tard c'est comme on le sent
Et j'ai l'idée d'm'élever dans l'espace
Oublier ce putain d'ennui, la nuit est finie
Je sais enfin que demain nous appartient

Gemini, même si je n'suis rien, si j'suis personne, personne,
Gemini, sortir ce matin de la grisaille
Gemini, je crois en quelque chose, quelque part
C'est sûr il y a autre chose
Over the rainbow

Heures hindoues, imprécises
Et tu voudrais que je t'emmène, alors viens
Dans la vie martienne

Etienne Daho - Des heures hindoues

Hoje como estou "internado" em casa, resolvi ouvir algumas pérolas do meu universo musical...

Maybe Tomorrow


I've been down and
I'm wondering why
These little black clouds
Keep walking around
With me
With me

It wastes time
And I'd rather be high
Think I'll walk me outside
And buy a rainbow smile
But be free
They're all free

So maybe tomorrow
I'll find my way home
So maybe tomorrow
I'll find my way home

I look around at a beautiful life
Been the upperside of down
Been the inside of out
But we breathe
We breathe

I wanna breeze and an open mind
I wanna swim in the ocean
Wanna take my time for me
All me

So maybe tomorrow
I'll find my way home
So maybe tomorrow
I'll find my way home

Stereophonics-Maybe Tomorrow

segunda-feira, junho 26

É Hoje!

Antes de mais nada peço desculpa pela publicidade alcoólica. Mas hoje tive um dia de merda e como ontem não pude festejar a grande vitória de Portugal sobre a Holanda…hoje vou fazer uma coisa que há muito não faço... :D
Cerveja gelada que estais no bar,
Aguardando um dia chegar.
Venha a nós o copo cheio,
Seja feita a nossa farra,
Assim na sexta, sabado, feriados e dias de semana.
O alcoól nosso de cada dia nos dai,
Hoje, perdoai as nossas bebedeiras,
Assim como nós perdoamos,
A quem não tenha bebido.
E não nos deixeis cair no sumo
e livrai-nos da água...
Amen..doins.

Lembras-te?

"Apaixonei-me num momento desprevenido. Estava a ver um jogo de futebol, ela meteu-se à frente do televisor, em vez de lhe dar um grito, não reparei, pela minha saúde, fiquei ali especado a olhar para ela. Um minuto de exposição foi quanto bastou. Não se pode olhar muito tempo para raparigas bonitas sem este género de merdas acontecer."
Miguel Esteves Cardoso in O Amor é Fodido
Lembras-te?
Das vezes que fui a casa da minha irmã e nunca te encontrei.
Do dia em que nos vimos pela primeira vez.
Em que hipermercado trocamos de olhares…na bancada dos enchidos…certo.
Que passados três dias demos o primeiro beijo.
Quando vieste para Lisboa, a mensagem que te enviei.
Quando nos encontrámos de novo as rosas brancas que te dei.
Do 9 de Maio…que dia inesquecível!
Das nossas viagens pelo Gerês.
Daqueles dias de verão em que ficávamos na praia para ver o Sol a esconder-se diante dos nossos olhos.
Da noite em que surgiu a GNR na praia…que risada!
Quando compras-te a tua casa.
Das horas que gastámos em lojas de decoração.
Dos poemas que te escrevi.
Daquela musica, que será nossa eternamente…
Quantos abraços e beijos demos…
Quantas vezes falei na beleza dos teus olhos.
Quantas vezes gritei…ÉS LINDA!!!!
Quando tiveste duas semanas fora…quase estive a ser internado num hospício.
No rodízio de sardinhas…comemos até rebentar…só para aborrecer o empregado de mesa…
Quantos casamentos foram e olhávamos um para o outro a pensar, quando é que seria o nosso.
Nas discussões que tive com o teu pai devido ao futebol, mas no final acabávamos a beber uma cerveja.
Dos fantasmas que encontrámos em Évora.
Quando dormimos no moinho, apenas vimos o sol a nascer e a morrer.
Do incêndio que atravessamos, em que choravas de pânico, mas consegui acalmar-te com o medo que escondi aqui dentro.
Quando fomos a Fátima…eu contrariado…passei todo o dia a gozar com a Santa e com as pessoas que passavam à minha frente…
Quando ia morrendo electrocutado.
Do dia em que o meu Avô morreu…abraçaste-me com tanta força…que ainda hoje me doem os ossos…
Quantas vezes terminámos e passadas umas horas ou dias, estávamos a rir um para o outro.

Eu sei que somos apenas uma história neste mundo de ilusões, mas todas as historias têm um início e um fim…em que parte estamos?
Apenas quero-te dizer que ainda não demos o ultimo beijo…vamos ter calma…fecha os olhos e verás que sigo junto a ti, se decidirmos percorrer caminhos diferentes, sabes que não irei sem te beijar, limpa essas lágrimas que vão desde a tua face ao mar, a vida vem e vai e se vai…

sábado, junho 24

Um dia de praia...perfeitamente normal

Depois de uma visita relâmpago aos Algarves para tentar encontrar algumas aguas calmas, mas sinceramente o meu “barco” veio quase a afundar-se…mas isto são outras questões…
Enquanto passeava na praia e ao mesmo tempo apreciava a beleza do mar, ouço uma voz apelidando pelo meu nome. Ora bem! Felizmente o meu nome não é daqueles que num conjunto de cem pessoas, 30 ou 40 possuem o mesmo nome, mas também não é uma raridade.
Entretanto decido virar-me em direcção da voz que me chamava e reparo num homem que dirigia-se á minha pessoa, inicialmente tive alguma dificuldade em o reconhecer, mas…

- Olha quem é ele! Rui! Estás bom pá? Há muito tempo que não nos víamos…
- É verdade! Pelo menos há uns 10 ou mais anos, desde a secundária…

Resumindo um pouco a conversa de treta, em que falámos da nossa vida profissional…acho melhor nem falar nisso…lol…

Entretanto o Rui pergunta:

- Então e filhos? Já casaste?
-Casar? Filhos? – Poucos segundos sem resposta.
- Não! Não! - Risos.
- Eu já tenho duas filhas…uma com 4 anos e outra com 1 ano…
- Parabéns! -Mas quando exprimi este substantivo, foi de certa maneira como uma preocupação…então e eu?
- Uma foi do primeiro casamento e a outra da mulher com quem estou a viver neste momento…
Neste instante não disse nada. Apenas fiz uma expressão de abrir os olhos a querer dizer…a vida não é cor-de-rosa e quem anda à chuva molha-se!
De imediato tentei desviar a conversa para outro lado…
Entretanto o Rui diz:
- Ena! Estás na mesma! Continuas magro e com cara de miúdo!
Depois de uns sorrisos amarelos, respondi em tom de comédia:
- Sabes é dos cremes anti-rugas que utilizo e ao mesmo tempo emagrecem… – Risada total.
Mas para ser sincero, o segredo está num creme que utilizo, da Mustela…adoro aquele cheiro!
Depois de mais uns temas de conversa, despedimo-nos, mas fiquei todo o dia a pensar nesta conversa e fica uma pergunta no ar…
Será que depois do casamento os homens perdem a cara de miúdo e engordam?

My Sister....


Ontem à tarde enquanto regressava de terras algarvias, recebo um telefonema da minha irmã. Pensei de imediato que deveria estar com saudades minhas porque não me via há dois dias…lol.
Por acaso não foram saudades, apenas perguntava se queria que eu fosse com ela às compras para a sua nova casa, visto estar de férias e como o meu cunhado estava a trabalhar….
Aqui está um bom exemplo de como são as mulheres…detestam estar sozinhas, tem sempre que existir alguém para acompanhá-las…
Agora lembrei-me de uma situação comum nas mulheres…o porquê de quando vão ao WC, pedem sempre à amiga para acompanhá-la…sinceramente, nunca percebi…Ok..isto é outro assunto que agora pouco interessa…
Bem! Lá marcamos uma hora para o encontro no Largo do Chiado ao pé do café da Brasileira.
Atenção! Só aceitei porque ela disse-me que ia a ser rápido…mas é tão mentirosa, tal e qual a minha mãe às compras, vêem e mexem em tudo, para depois não levarem nada.
Epá! Detesto isto, eu gosto de ser o mais rápido possível, é ir ao local e ir embora…
Mas ultrapassando este pormenor, lá me encontrei com ela ao pé da Brasileira.
Quando começamos a descer a Rua Garrett, a minha irmã olha ligeiramente para a direita e aponta para o fundo da Rua Serpa Pinto e pergunta:
- Mano! Foi ali, ao fundo desta rua que nascemos?
- Acho que sim! No hospital da Ordem Terceira na mais pequena freguesia de Lisboa…Mártires.
A partir deste momento olhei para ela com uma tal ternura que percebeu de imediato o que quis dizer…”Adoro-te!”
Nem me importei com o a seca que levei nas lojas, apenas queria estar com ela e poder lembrar-me das nossas brincadeiras que tivemos em miúdos, juntamente com os passeios que dava-mos de mão dada ao longo da baixa Lisboeta e do Bairro Alto, onde a minha Avó morava…

Uma irmã é uma daquelas coisas doces que todas as pessoas deveriam ter. Uma irmã, é um tesouro, e se alguém também o tiver, então possui o mais precioso presente de vida…
Uma irmã está sempre ao nosso lado, quer em momentos bons, quer nas ocasiões de lágrimas.
Uma irmã é uma daquelas coisas que podemos sempre confiar, alguém que podemos falar sobre tudo, aquela que sempre podemos acreditar, uma deusa, um sorriso.
Uma irmã tem uma mão sempre pronta a segurar a nossa, independentemente de onde estivermos, não interessa a distancia que nos separa.
Uma irmã é alguém que sempre estará lá, sempre a cuidar de nós.
Uma irmã é um sentimento de eternidade no coração…

Este post é inteiramente dedicado à minha irmã…

quinta-feira, junho 22

Estas palavras são para ti. Desculpa-me a ousadia.

Numa noite de lua,
Vou provar o teu sabor,
E debaixo da luz das estrelas,
Sentir as ondas do teu corpo.
Olhar-te nos olhos,
Agarrar-te na mão,
E esquecendo-me do medo,
Vou abraçar-te até há morte.
Um dia vou-te encontrar,
Para desnudar todo o teu mar,
Ao longo deste infinito,
Apenas com o meu olhar.

Ao som de Gnarls Barkley - Crazy...era inevitável

quarta-feira, junho 21

Nobody Knows


Entre os realizadores japoneses, alguns possuem uma capacidade única de pacientemente e lentamente observarem o detalhe mais simples do nosso dia a dia, e desde a acumulação das suas observações, “desenham” cuidadosamente perspectivas e perspicácias emocionalmente ressonantes.
Akira Kurosawa conseguiu fazer tudo isto nos seus filmes mais íntimos. Mas na nova geração de realizadores japoneses, surge Hirokazu Koreeda, que em 2004 assinou um dos mais brilhantes filmes dos últimos tempos “Nobody Knows (Dare mo shiranai)”. Este filme encaixa-se na tradição das películas japonesas, mas existe uma nova imaginação e uma frescura, um sentimento contemporâneo que Koreeda introduziu no seu filme e trouxe ao cinema japonês.
“Nobody Knows” embora sendo uma ficção é baseado num verdadeiro incidente, que foi largamente noticiado no Japão. A mãe de quatro crianças, cada uma de Pai diferente, deixa uma carta de despedida, algum dinheiro e decide desaparecer das suas vidas.
Koreeda tem uma premissa básica e quatro jovens actores, todos amadores, onde as suas idades vão dos 7 aos 12 anos, e traça um gradual inelutável resultado das suas vidas diante das 4 estações do ano.
Os 4 irmãos vivem num pequeno apartamento alugado e os 3 mais jovens nem sequer conhecem o senhorio. Inicialmente, apenas o mais velho Akira, tem permissão para sair do apartamento. Os restantes não têm autorização, nem sequer para irem à varanda e a escola não é possibilidade.
Mas não podemos esquecer que todos eles são bem comportados, escovam os dentes, fazem as lidas da casa e lêem livros. Os dois mais jovens, em particular, têm a energia e a espontaneidade das crianças, com as suas mentes sempre a voar e vivendo a vida sempre com curiosidade. Existindo sempre um senso comum na família viver juntos em plena harmonia, incrivelmente livres e sem conflitos.
Akira, o mais velho, é o líder natural, ele controla o dinheiro, paga as contas, até faz as contas num caderno para ter a noção do dinheiro que resta. Ele faz as compras e cozinha.
Kyoko, tem 10 anos, é tímida, muito sossegada. Ela tem uma enorme vontade de ir à escola. Também toca um piano em forma de brinquedo, desejando que fosse real, apontando para a perda de criatividade, quando uma criança não possui a oportunidade de aprender. Shigeru, tem 7 anos, possui a irreverência de um rapaz, mas sempre com um brilho nos olhos e o seu grande desejo é voar. Yuki, a mais jovem, deseja que as suas velas consigam arder para sempre e quando cumpre o seu aniversário, o grande desejo é sair do apartamento para passear.
Inevitavelmente, conforme o dinheiro se esgota, a vida torna-se mais difícil e as condições deterioram-se.
Acumulando uma série de pequenos incidentes que iluminam a natureza da infância e o impacto emocional da privação “Nobody Knows” é uma fantástica colecção de jovens actores, que capturam o nosso coração sem a queda de nenhuma lágrima ou sentimentalismos sarcásticos. Apenas somos assaltados pela empatia do destino destas crianças que é inerente às situações impostas pela vida e onde durante umas horas nos apaixonamos pelas personagens de uma forma inevitável e com um conhecimento de uma tristeza profunda.

quinta-feira, junho 8

Um Conto...


Era uma vez um menino feliz. Era um menino bonito, de olhos alegres e com um sorriso que era capaz de iluminar o mundo. O menino feliz vivia com a sua avó, ele cuidava e fazia todas as tarefas de sua casa. Todo isto era feito com um sorriso, claro, era um menino feliz.
Mas o menino tinha um desejo, queria conhecer o mar. O mar estava longe, muito longe, para alem do bosque que o viu nascer. O mar, lhe haviam dito, era enorme e azul, muito maior do que ele podia imaginar. Algo se agitava no fundo do coração do menino com tal força que um bom dia, sem que a sua avó soubesse, decidiu empreender a viagem.
Ao atravessar o ultimo monte da sua viagem, viu o mar a surgir diante de seus olhos. O mar era muito maior e muito mais azul do que ele pudesse imaginar, um espaço infinitamente azul, brilhante e cheio de caminhos, aventuras e criaturas estranhas. O menino feliz não podia deixar de contemplá-lo. Sentiu a brisa tocando o seu rosto, e iluminou a praia com um sorriso. O menino feliz sentiu que finalmente tinha encontrado o seu local preferido.
Um bom dia, enquanto caminhava pela praia ouviu uma voz vinda do mar. De imediato sentiu-se fascinado por aquela voz. Era uma sereia que lhe falava e perante os olhos assombrados do menino o mar encheu-se de cores e despertou pequenas ondas.
- Olá menino feliz! Esperei-te tanto tempo que tinha perdido toda a esperança de te encontrar.
-Olá sereia! Nunca pensei que existisse alguém como tu.
O menino feliz ia ver a sereia quando podia, porque estava sempre muito ocupado cuidando da sua avó, mas conseguia sempre arranjar algum tempo para ver a sua sereia, o menino roubava tempo de todo o lado e começou a não dormir, a não comer, a não cuidar da sua avó como devia.
Falaram durante dias e noites, a sereia mostrou coisas que ele nem sequer tinha imaginado, maravilhas que fazia reluzir os seus olhos de felicidade, coisas que ele sempre suspeitou que existiam mas que nunca teve a oportunidade de conhecer. O menino pela primeira vez sentiu que estava vivo. Era essa vida que se lhe escapava pelos olhos que fazia com que a sereia ficasse cheia de cores, e eram essas cores que preenchiam de vida os olhos do menino.
O menino aprendeu da sereia a distinguir as criaturas do mar, conheceram juntos suas cores e seus caminhos. Exploraram juntos bancos de areia, percorreram abraçados o seu fundo e a sereia agradecida, ofereceu ao menino tesouros e caprichos. O menino e a sereia apaixonaram-se e deram-se conta do que era a felicidade. O menino feliz e a sereia eram apenas um. Uma tarde de verão a sereia viu aparecer o menino ao longe, mas desta vez o seu sorriso não iluminava a praia como anteriormente, quando o menino esteve a seu lado a sereia compreendeu o porquê. O sorriso do menino feliz tinha desaparecido.
- Que se passa menino feliz? Onde está o teu sorriso?
- Não sei sereia. Perdeu-se pelo caminho.
A sereia compreendeu que tinha pedido demasiado do menino feliz, que o menino estava muito cansado, que não dormia, que não era feliz quando estavam separados, que não podia roubar mais tempo, que o duro caminho tinha ferido os seus pés, e que os arbustos do bosque tinham arranhado os seus braços…e sem embargo a sereia não conseguia viver sem o menino.
- Fica a meu lado menino feliz, não te vás embora…
- Não posso fazer isso, minha avó precisa de mim
- Eu também preciso de ti menino, dá um passo, apenas um passo e viverás comigo no mar, vou-te fazer feliz de novo
- Nunca gostei de ninguém como tu sereia, mas sabes que não posso.
A sereia sabia que era certo. As lágrimas do menino regaram a praia e deslizaram pela a areia até junto da sereia.
- Adoro-te sereia minha, para sempre.
O menino ajoelhou-se na praia e as suas lágrimas caíram sobre o mar que se colocou negro e triste, o céu escureceu e as ondas ficaram gigantescas. O vento e a chuva que nunca conheceram o amor apagaram caminho do monte. A neve, silenciosa e solitária escondeu tudo. A sereia sozinha e sem a luz do menino, sentiu que as lágrimas rompiam o seu interior e sem dar-se conta, partiu-se em pequenos pedaços, tal e qual um espelho. Naquela praia, que havia sido o céu para os dois, apenas ficava o som vazio do vento a bater na areia.
Passaram dias e semanas e todas as criaturas do mar choraram a ausência do menino feliz.
Certo dia, amanheceu sobre a praia e descobriu-se que existia uma nova luz. Os destroços do espelho se haviam convertido num farol. Um farol alto e branco que reluzia como espelhos durante o dia e que iluminava as noites com a sua luz eterna para mostrar ao menino o caminho de volta…

Agora o final da estória fica na vossa imaginação ou entregue ao destino...

quarta-feira, junho 7

Ontem e Hoje


Ontem

Com a tua foto,
E com os meus dedos,
Ontem, desenhei o teu rosto,
Percorrendo um caminho sobre os lençóis.
Olhei para a lua, através da janela,
E desejei provar os teus lábios,
Bem debaixo da luz das estrelas,
Dizer-te o quanto te quero,
Olhar-te nos olhos,
Agarrar-te na mão,
E esquecendo-me do medo,
Queria estar contigo até à morte,
Queria despir o teu corpo,
Desnudar a minha alma,
Tocar no infinito,
Contigo ao meu lado,
E encontrar um lugar,
Onde consiga avistar o mar.


Hoje

Hoje fechei os olhos,
Entrei dentro de ti,
Senti o teu toque,
Senti o teu respirar,
Senti as tuas palavras,
Entendi o teu olhar.
Mas embora queira continuar,
A nadar neste mar,
Tenho que recuar,
Sem conseguir mergulhar,
Porque não quero encontrar,
Esta palavra que praticamente,
Apenas existe no mais recôndito silêncio,
do meu dicionário,
A palavra…magoar.

A minha vida nos últimos dias tem sido algo de inexplicável, prova disso é a minha ambiguidade em não saber o que realmente quero...Ontem ou Hoje?
Ao som de Sugar Ray - Answer The Phone

segunda-feira, junho 5

Tuas Palavras

Por vezes durante horas de sossego,
O silêncio é companheiro,
A luz ténue que acompanha o ocaso,
Os pássaros que cantam, voltam a seus ninhos,
A lua que surge por entre nuvens brancas,
E através da janela anseio o teu rosto.

Por entre este poemas,
Oculto a saudade, dos latidos,
Deste louco coração, que invade,
E que caminha no meu interior,
Sangrando, através da ferida,
Que se abre na alma.

Agarro nas palavras e as acaricio,
Transmitindo o sentir,
Desta alma inundada de sons,
São notas musicais que querem sair e respirar,
Brotam, qual flor na primavera.

A brisa que entra, e transporta o doce sentir,
Nesta tarde, quando tudo é espera…
Quero-te dizer em silêncio,
O quanto te desejo,
E sinto querer-te!

Mas com esta verdade que me inunda a alma,
O silêncio é meu companheiro,
E nele ecoam apenas as tuas palavras,
Ouço-as como um som distinto,
Nesta confusão que está a minha mente.

Quero que o silencio leve,
Os lamentos da minha alma,
Quero que sintas no teu ser,
Minhas palavras e minha pele.

Quero ser nesta louca melodia,
Apenas um acorde discordante,
Que seja distinto de todos as outros,
Sem chegar a ser distante.

Mas antes de tudo quero,
Ser o teu som,
Ecoar na tua mente,
E sempre sabendo que no futuro,
Irei encontrar-me contigo,
Nem que seja inesperadamente.

Ao som de Gnarls Barkley - Crazy

quinta-feira, junho 1

Hoje


Hoje o silêncio é da lua,
Hoje incendeia-se a alma,
Hoje uma musa desnuda,
Nasce lasciva na minha cama,
Hoje escrevemos poesia,
Com as nossas almas cercadas,
Onde tua língua é uma caligrafia,
E um beijo pondera as palavras.
Duas mãos, versão devassa,
Percorrem desde a nuca até as nádegas,
Descobrindo que as tuas unhas cicatrizam,
As feridas da minha alma.
Hoje o meu sangue acelera a galope
Corre como um cavalo nas minhas veias.
Hoje fechamos o horizonte,
Para exilar o sol nas trincheiras,
E o mar coloca-se diante de nós,
Onde o poder dos meus dedos,
Perpétuos viajantes,
Percorrem o teu corpo,
Como passos de agua,
Numa estrada sinuosa.
Hoje os meus lábios carregados de sangue,
Progridem no teu ventre,
Bebem os teus suores e saliva,
Num oásis perdido em teu corpo,
Que devoram a fruta proibida.

Ao som de Elysian Fields - Dreams That Breathe Your Name

Le Temps Qui Reste

Este ano no 3º Festival Internacional de Cinema Independente (Indie Lisboa) tive a oportunidade de assistir a um filme de um dos realizadores que compõem o meu lote de indispensáveis. Depois de “Swimming Pool e “8 Femmes”, Fançois Ozon retorna com o filme “Le Temps Qui Reste”. Esta película é a segunda parte de uma trilogia que Ozon intenta efectuar sobre o lamento. Esta trilogia iniciou-se em 2000 com o impressionante filme “Sous Le Sable”.
Pois é, mas ontem revi novamente o filme. Sinceramente não sou um grande apreciador de visualizar filmes mais do que uma vez, mas visto que andei a divulgar por algumas pessoas que não deveriam perder este filme e como um amigo não queria ir ao cinema sozinho…Ok!..lá fui a acompanhá-lo e não me arrependo, porque desta vez reparei mais em alguns pormenores de realização que me tinham escapado na primeira observação.
A música minimalista, a intenção de captar os rostos das personagens, especialmente os olhos, as cenas finais que voltam ao início do filme, tudo isto é típico em Ozon. Mas apesar da visível direcção, o realizador continua tematicamente enigmático como sempre, preferindo deixar os espectadores tirarem as suas próprias conclusões. “Qual é a situação?” pergunta Romain , enfrentando as ultimas questões da vida. Um filme de Ozon nunca nos explica, mas certamente que nos dá um espaço criativo para pensar e qual de nós não necessita disto?
Mais um filme Francês que fala sobre a morte e tudo o que a rodeia que inicialmente pode não ser muito apelativo, mas vale qualquer esforço para o visualizar, porque é mais uma obra-prima poderosa e recompensadora de François Ozon. Impressionante em todos os aspectos.
Aproveitem em quanto está em exibição (infelizmente apenas está em exibição num cinema e em Lisboa). Entretanto deixo um texto que encontrei no site C7nema, o qual faz uma excelente critica sobre o filme.

Romain é um fotógrafo nos seus 30 anos que durante uma sessão de fotografias acaba por colapsar e descobre posteriormente que tem um tumor com probabilidades bastante baixas de cura. Romain recusa desde logo recorrer à quimioterapia, e decide alienar-se das pessoas mais próximas dele (a família e o namorado), com excepção da sua avó, com a qual partilha uma relação bastante próxima – e a conexão entre os dois é ainda maior agora que lhe resta pouco tempo para viver...

Esta sinopse talvez não seja a melhor maneira de convencer pessoas a ir ver este “Le Temps Qui Reste”. Mais um filme em que o protagonista sofre de uma doença terminal? Deixe-me adivinhar… está com receio que seja mais um daqueles “casos da vida” – dramalhões que costuma(va)m passar na TVI e que desejam estimular à força bruta os vasos lacrimais do espectador recorrendo a técnicas baratas de manipulação. É óbvio que ainda não conhece o realizador francês François Ozon … ou então não sabia que este era o seu novo filme.

O tema até pode ser bastante familiar, mas a sensibilidade (e realismo) que Ozon traz ao filme transforma-o num objecto tão único que será ridículo pensar sequer em falta de originalidade ou algo parecido depois do visionamento da película. Ozon volta a imprimir o seu cunho pessoal, evitando tácticas baixas de manipulação a todo o custo e atingindo todos os pontos certos numa história que poderia muito facilmente dar para o torto (i.e., tornar-se completamente lamechas), mas que acaba por se tornar numa das mais brutalmente honestas reflexões sobre a vida humana transpostas para o grande ecrã.

Para isso, o realizador e argumentista conta com a ajuda de um naipe de actores muitíssimo bem escolhidos e com performances altamente naturalistas, desde um assombroso e magnético Melvil Poupaud no papel de Romain até à sensacional Jeanne Moreau no papel de avó, que com apenas alguns minutos conseguirá (assim como o protagonista) conquistar o coração do espectador mais cínico – ou então é você que precisa de ir ao médico.

Desde os primeiros minutos que sabemos que o destino da personagem principal não vai ser o mais feliz, mas mesmo no desfecho da película, Ozon recusa-se a dar o que o espectador mais telenovelesco mais queria, ficando-se por algo mais marcante e inesquecível. Os planos finais, contendo uma das marcas características do realizador, são apenas a machadada final de um filme que fica connosco muito tempo após os créditos finais. Imperdível. André Gonçalves in C7nema