Subconsciente
Hoje ao olhar através da janela este céu negro parece encobrir o meu estado de ânimo. A verdade é que não me apetece deixar as portas abertas.
Começo a circular, sim, pego no volante da minha vontade e vou alterando o rumo em busca do positivo. O destino situa-se em tudo aquilo que durante instantes me faz sorrir e recordo com nostalgia. Entretanto, a pressão apodera-se do meu corpo. Está na hora de pegar em papel e numa caneta e escrever sem um rumo fixo, quase á deriva. Deixando que a própria inércia me dirija ate a esse lugar escondido que nem eu sei se existe ou não.
Em primeiro lugar acendo as velas e os incensos, adoro sentir os odores que me tragam o cheiro da pele feminina. De seguida ajudo o meu pequeno veleiro, cheio de carga, a iniciar a sua excursão, tal e qual um balão que aproveita os impulsos do vento e do seu condutor.
Pouco a pouco, com cada linha, a embarcação volta-se ligeiramente e a mente acompanha essa sensação, muito mais transparente e clara. Com esta visão, faço um pequeno sorriso, inspirado pelas luzes desta cidade.
Está na hora de ancorar o barco, parar. Durante uns segundos vou permitir que o mundo gire a seu ritmo e permaneço como um mero espectador, integrado na natureza como um elemento mais decorativo, vou escutar e dar conta que devo voltar a nado. Com cada braçada sinto que o meu corpo fica mais pesado, mas não o suficiente para cansar. Não, nunca gostei de me afastar em demasia da praia. Nela descansa a minha toalha, meu abrigo. Repousa a estabilidade de uma terra firme, não desejo perde-la de vista. Ao mesmo tempo que nado, consigo observar muitas pessoas á deriva, sem rumo, sem sentido.
Agora, desde a areia, olho para o mar, para ver o meu veleiro. Ali está…
Releio o que escrevi e quando definitivamente me dou conta do complicado que resulta entender o pensamento humano, as atitudes e sentimentos. Medito sem entender o sentido do que está escrito.
Ao colocar-me de pé, compreendo a viagem pela minha fantasia, os lábios estão ressequidos pela concentração desta viagem fugaz. A ponta da minha língua surge subtilmente para aliviar a sensação e capto o sabor salgado. Um sorriso se escapa…dirijo-me á janela para ver a minha cidade, observo o mundo a passar e algumas estrelas a protegerem vidas. Agora, de um golpe sinto-me feliz e afortunado só de te ter.. na minha mente…
2 Comments:
vim fazer-te uma visita e dou aqui com mais um dos teus belos textos..
até aqui nada de novo.. tu escreves bem. :)
mas além disso devo dizer-te que os teus gostos cinéfilos são do melhor. «o fiel jardineiro é de facto um filme que vou querer ver e rever.. e o "De battre mon coeur s'est arrêté" de Jacques Audiard é simplesmente lindo.
e ficavamos aqui a falar eternamente em filmes.. e musica e tudo mais.. mas volto depois. =)
É verdade se começamos a falar sobre filmes e musica então estávamos pelo menos uma semana seguida,no minimo, sem parar;-)
De facto já tive a oportunidade de perceber que os nossos gostos cinematográficos e musicais são muito idênticos, quase uma fotocópia. Também é sempre bom saber que voltas...todas as pessoas são bem vindas ao meu cantinho, mas existem aquelas que são sempre especiais...;-)**
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