quarta-feira, maio 31

It´s The End


Dizem que os poetas necessitam da dor para escrever....
Sitiado pela dor entre quatro paredes,
Desde esta habitação fria e obscura,
Quando na minha reminiscência de pronto apareces,
A noite a cada passo largo se torna mais dura,
Quando de toda culpabilidade ainda falta,
Não sei mas, todo o mundo diz que o tempo tudo cura.

Não existe força para fingir, a chama acabou,
Não encontro esse fogo que ardia como o mesmo inferno,
Apenas ficou a cinza, até a tua voz se apagou!
Não sinto o teu calor, que frio chegará no próximo Inverno?
O céu é meu mundo, para mim tudo terminou,
Quando na cama vi-me encostado sem ti.

Aqui estou de novo sitiado pela dor,
Escondido entre sombras num recanto remoto,
Não sei porquê, sinto o meu corpo como um terramoto,
É algo similar a uma máquina sem controlo,
Algo assim com um gemido de um coração sem cor.


Ao som de Nouvelle Vague - Bande À Part

terça-feira, maio 30

Cidade Baixa

Uma das maiores riquezas exportáveis que tem origem no Brasil é o seu actual cinema, e isso deve-se ás imensas diversidades culturais e geográficas deste País.
Não podemos esquecer as obras-primas originárias de vários realizadores brasileiros que ultimamente nos têm proporcionado “bombas” cinematográficas, por exemplo, "Cidade de Deus", "Central do Brasil", "Abril Despedaçado", "Bicho de 7 cabeças", entre outros. Todos eles óptimos, mas tão diferentes uns dos outros quanto possível em linguagem, temática e ambiente.
Outrora assistente de Walter Salles (Diários de Motocicleta), o realizador de “Cidade Baixa”, Sérgio Machado, teve uma estreia auspiciosa com um dos filmes mais sexys dos últimos tempos. Mantendo a câmara em constante movimento, esta influência deve muito aos seus contemporâneos latinos, Iñarritu (Amores Perros) e Fernando Meirelles (Cidade de Deus), dirige um filme que nos apresenta uma região de Salvador da Bahia que se torna uma verdadeira personagem da historia, influenciando as atitudes dos protagonistas de maneira inegável. Sérgio Machado criou uma atmosfera nervosa que se torna ainda mais tensa graças ao carácter opressor assumido pelo ambiente no qual as personagens estão inseridas. Trata-se de um mundo de miséria, sem esperanças, constituído por casas e prédios com paredes sujas e descascadas que reflectem a falta de perspectivas de um futuro melhor para aquelas pessoas. Onde vivem a par com droga, prostituição, roubos, suicídios e apostas em jogos clandestinos. O título “Cidade Baixa” tem origem numa zona portuária da cidade da Bahia, onde vários pescadores e comerciantes vão em busca de serviços sexuais de prostitutas. Também é importante referir que o realizador permaneceu durante vários meses pesquisando e filmando habitantes da Bahia e assim trazer ao ecrã, os rostos das pessoas, enriquecendo o projecto, tornando-o ainda mais autêntico.

O filme gira em torno de Deco (Lázaro Ramos) e Naldinho (Wagner Moura), dois amigos de infância que trabalham juntos transportando cargas no seu pequeno barco. Certo dia, eles oferecem uma boleia para Karinna (Alice Braga), uma prostituta tipo pé-de-chinelo que aceita fazer sexo com os dois em troca do transporte e de pouco dinheiro. Ainda assim, Deco deixa-se apaixonar pela mulher e, ao perceber que Naldinho também parece encantado (embora tente ocultar), a relação dos amigos é abalada. Aos poucos, a situação torna-se mais intensa até alcançar um patamar realmente perigoso.
Deco e Naldinho estabelecem uma dupla perfeitamente natural, Exibindo uma cumplicidade mais do que adequada à história das personagens, a dupla leva o público a acreditar naquele relacionamento e a lamentar quando este parece se desintegrar – algo que se revela inevitável, considerando-se a sensualidade do obstáculo que surge no caminho dos dois, a bela (e talentosa) Alice Braga, que já tinha encantado o inocente Buscapé (Cidade de Deus). Compreendendo a natureza humilde da prostituta Karinna, a actriz foge de qualquer vestígio de glamour, maquilhando-se em excesso e exibindo o cabelo mal pintado.

Porém, o elemento mais fascinante do trabalho de Braga reside na composição psicológica da personagem: plenamente ciente do poder que exerce sobre os dois rapazes, Karinna mal consegue ocultar o prazer que sente ao vê-los disputando a sua atenção. Sim, ela afirma que não gosta de vê-los a discutir, mas é óbvio que gosta, e muito.
O filme “Cidade Baixa” preocupa-se muito mais em abordar as relações entre os três personagens do que em desenvolver uma estrutura narrativa com enredo bem definido ou reviravoltas – as ligações entre aquelas pessoas são o centro do filme. E não é à toa que o sexo assume um papel tão importante neste contexto: em uma existência desprovida de bens materiais e distinção social, o prazer sexual adopta uma importância ainda maior, servindo como uma oportunidade rara de felicidade ou prazer momentâneos.


“Cidade Baixa” beira a perfeição no seu clímax, brindando o espectador com um final que, além de corajoso é poético e carregado de uma ironia triste, mas inevitável.
Na sua cena final, com seus planos-detalhe, aproximações e trocas de olhares, o filme resume toda a complexidade de uma situação impossível – e, por isso mesmo, impacto e riqueza do ponto de vista dramático. Uma conclusão adulta para um projecto idem.
De facto estamos perante mais uma genial obra do cinema Brasileiro e onde de certeza ficamos com Sérgio Machado debaixo de olho para o seu próximo filme.


"Os desejos estão abertos, as intenções confusas, paixão visceral, encontros em sangue, suor e lágrimas"

domingo, maio 28

Painkiller


Possuo uma dor oculta,
Aqui bem dentro do meu corpo,
Uma dor que me atormenta,
E que não consigo libertar,
Que se esconde na alma,
E invade meus sentimentos.

Dor que queima meu sangue,
É um tormento constante,
É como fogo ardente,
Semelhante a uma espada penetrante.

Uma dor que me acompanha,
Desde que te perdi,
Que explode dentro do peito,
Destruindo o universo que construí,
Apenas para ti.

Dor que não sai pelo esquecimento,
Dor que desgarra a alma,
Dor que ficará através do tempo,
Até encontrar um espírito que me liberte,
E alivie a dor para um novo sentimento.

sábado, maio 27

Afinal quem Sou?

Não sei mas, ultimamente tenho andado um pouco preocupado com aspectos relativos à minha personalidade. Bem...e que aspectos são esses? Olha que boa pergunta…não sei, é extremamente difícil explicar, possivelmente seja o efeito de estar a sair dos “intes” e a aproximar-me vertiginosamente dos “intas”. Será que algo vai mudar em mim? Será que verei o mundo de maneira diferente? Encontrarei o amor? Ficarei sem paciência para aturar as minhas gatas que destroem tudo? Sinceramente não sei, o melhor é aproveitar a vida enquanto posso, porque não sei o dia de amanhã.
Como referi anteriormente esta busca em torno de algo que explique alguns comportamentos do “Je”, iniciou-se com um e-mail de uma amiga (Sofya), no qual me apresentou o Jogo do Porquinho. Onde desenhamos um porco e a partir das características desse desenho, chegamos a conclusões sobre a nossa personalidade.
Juntando isto a um estudo do perfil astrológico que me tinha sido enviado há um tempo atrás, consegui fazer uma sopa sobre a minha personalidade, onde coloquei num post anterior.
Como sou muito curioso decidi então “imitar” a minha amiga Sofya e resolvi fazer o teste do cérebro e da pintura.
Estes testes baseiam-se em perguntas sobre nossas atitudes, gostos e sentimentos, onde posteriormente chegamos a um resultado final….para alguns não será nenhuma surpresa, para outros surgiram resultados totalmente inesperados…aqui vai…
Your Brain is 73% Female, 27% Male

Your brain leans female
You think with your heart, not your head
Sweet and considerate, you are a giver
But you're tough enough not to let anyone take advantage of you!

Com esta é que não esperava…bem todos os homens têm dentro de si algo de feminino, mas eu tenho um “ligeiro” excesso. Mas pensando bem acho que este resultado é capaz de ter a sua verdade. Aqui ficam algumas justificações do “excesso” feminino…

- Ultimamente tenho usado alguns cremes faciais…felizmente ainda não tenho rugas.
- Comecei a gostar de ir às compras nos hipermercados.
- Estou muito mais calmo.
- Apenas as mulheres gostam de comentar o meu blog.
- Estou farto de algumas conversas de homens, tal como…Oh pá! Viste aquela boazona!Oh febra anda cá ao lume!
- Estou farto daqueles “meninos” com chapéu e brinquinho que andam a acelerar com o seu “chuning” pelas ruas de Lisboa e sem esquecer as atitudes masculinas ao volante. Tais como o braço de fora, à taxista. Aquela cuspidela bem puxada do interior "esofagal" pela janela fora. Mal o sinal verde acende já estão a apitar e não esquecer do rico vocabulário de língua Portuguesa que utilizam no meio do trânsito.
- Odeio filmes de "porrada", estilo Rambo ou Steven Seagal.
- Choro muito mais vezes a ver filmes.
- Se vir sangue diante de mim...caio para o lado.
- Olha! Gosto de receber flores e bonbons! Mas dá mais gosto comer os bonbons...
- Nas férias de verão não perco nem um segundo de Sol. Até as solas dos pés ficam pretas.
- Não fiz o serviço militar.
- Adoro cozinhar, embora os cozinhados sejam sempre os mesmos.
- Passo a roupa a ferro, embora de vez em quando cheire um pouco a queimado.
- Estou sempre a desculpar as pessoas que fazem algo de "maquiavélico".
- E derreto-me a brincar com crianças e penso para mim mesmo…Quando serei Pai? E estou preparado para o ser?
De seguida foi o teste da pintura, onde nos indica qual o pintor que deveria pintar o nosso retrato segundo a nossa personalidade.
Who Should Paint You: Salvador Dali

You're a complex, intense creature who displays many layers.
There's no way a traditional portrait could ever capture you!
Sinceramente adorei! Em cheio…o meu pintor preferido! Além do resultado que define por completo e de forma resumida a minha personalidade...

sexta-feira, maio 26

Blessed Love


Ah se esse amor só fosse meu
Ah se esse amor só fosse seu
Seria fácil a gente escapar

If this love was just mine
If this love was just yours
It could be easy to stop
(But it´s not)

Mas a verdade linda e pura
A gente se ama sem frescura
And my body says only yes
(Yes)

The way you walk
The way you talk
The way you dance
You move my heart so wild
The way you touch
The way you look at me my love
Com você esse amor é bom demais
(Muito Bom)

Ah se esse amor só fosse meu
Ah se esse amor só fosse seu
Seria fácil ele passar
(Mas não é)

If this love was just mine
If this love was just yours
It could be easy to stop
(But I can´t)

O mesmo amor tem seu segredo
De apagar as magoas o velho enredo
Te renovar para acertar

The way you think
The way you act
I understand you very well
The way you see my love
Fascinates me

Este amor é nosso amor
Abençoado pelo Senhor
This is only love
Beautiful

The way you walk
The way you talk
You move my heart so well

Esse amor não pode parar
(It can´t stop)

Então a verdade linda e pura
A gente se ama sem frescura
Natural mental conection
Onde vai dar
(Where this will go)

A razão deste post deve-se inteiramente à Oxigénio, pela dica desta excelente musica (Blessed Love) que pertence ao magnifico álbum homónimo de Ive Mendes...Muito Bom!

quinta-feira, maio 25

Deusa Noite


Deusa noite, tu que me deste,
Os meus sonhos de menino acordado,
Que te persigo nos espelhos,
Até ao ultimo dos desejos,
Deusa noite que me tens,
Que me abraças, que me esqueces.
Deusa noite, cada noite,
Sem ti são horas perdidas,
Deusa noite que me incitas,
Com as tuas mini-saias,
Com peitos que despontam,
Até ao anoitecer das minhas veias.
Deusa noite que envolves,
Com o teu corpo de mulher fatal,
Que me acaricias com as tuas mãos,
Pernas, ventre e rosto.
Deusa noite, mulher imortal,
Que apadrinhas os meus amores,
Que me ensinas a viver,
E me negas os teus favores.
Deusa noite, mergulho,
Na tua nudez sombria,
Deusa infiel que me apunhalas,
Que me enganas com o dia.
Deusa noite, não me tentes,
Com as tuas atraentes belezas mortais,
A ti que dedico este poema,
Para ti que reflectes nos cristais,
Deusa noite que me iluminas,
Sem te valeres das luzes,
Deusa noite despe-me,
Preenche o meu corpo com teu negro,
E liberta os meus temores.
Deusa noite,
Transforma a luz do dia,
Em sombras,
Para viver e absorver,
Essa paixão que só tu sabes,
Oferecer…


A noite é o período do dia onde me refugio deste mundo, o meu esconderijo predilecto. Onde busco os mitos, os segredos, a inspiração e a essência do meu ser…
Ao som de The Cure - Disintegration

quarta-feira, maio 24

Essência


Milhares de formigas percorrem o meu corpo,
Concentrando-se até alcançar o centro,
Onde o meu coração encolhe-se sem alento,
Buscando uma verdade e um beijo.

Sons que enchem a habitação,
Vindos sempre do foco de luz,
Um passeio pelo centro,
Outro pelo momento,
Buscando a essência,
De tudo quanto passa no meu interior.


Ao som de Zero 7 - The Garden

terça-feira, maio 23

Pensamentos Procedentes


Impressionante! Como as coisas que amas na vida conseguem oferecer-te tanta alegria, mas também te podem causar tanta tristeza quando estão longe ou mesmo se decidiram partir. Imagina a alegria de estar apaixonado e depois a tristeza da distância ou o desamor. Assim como te preenche de euforia o amar, a dor surge por não conseguir fazê-lo ou por não te deixarem amar.
O que são estes sentimentos? Recompensas ou castigos? Como evitá-los? Como os calar? Como fazer para amar alguém que tens ao alcance da tua mão e ao mesmo tempo longe como o horizonte?
Alguma vez sentiste como se tudo, tristeza, medo, angustia ou alegria, se estivessem acumuladas dentro de ti sem conseguirem sair? As vezes sinto que vou explodir, que não possuo respostas e que a única segurança que tenho são as dez milhões de dúvidas que me dão voltas à cabeça.
A vida não é serena. Todos temos momentos ruins e momentos piores. Eles existem, não podemos negá-los, e os bons momentos onde estão? São poucos que praticamente não contam. Por vezes um problema seja grande ou pequeno, apodera-se de nós de tal forma, que consegue que não consigamos ver através da outra pessoa. Converte-se no centro da nossa vida, um cristal que deforma a realidade e a dúvida em função de seus interesses e contra os nossos.
A vida no seu jogo sarcástico e hipócrita, faz-te crer que agora em diante vais ser feliz, para depois te tirar o “tapete” e ficas sem essas ideias de modo radical e da maneira mais cruel e brusca.
Por vezes temos momentos que queremos apagar da nossa mente… e sei que é o melhor para muitos dos problemas que por vezes são minúsculos, mas são como flechas que destroem a nossa alma.
Não consigo chorar diante das pessoas, mas por dentro correm rios de lágrimas que se acumulam dentro do meu ser e pesam muitíssimo. O meu coração encolhe ao saber que novamente a vida é injusta, porquê? Pergunto todos os dias…quem disse que a vida era justa? E se a vida não é justa. Porque devemos de o ser? A vida é apenas isto, a vida. É uma prova, um momento da nossa existência, um segundo no nosso tempo universal e devemos vê-la como uma etapa, nada mais. Devemos decidir então quais os aspectos que são importantes e os que não são, de tal forma como um jogo, onde em cada decisão, influenciamos o nosso percurso neste mundo.
Sempre gostei de pessoas bonitas. Não são aquelas modelos ou actrizes que fisicamente são bonitas, são apenas aquelas pessoas com profundidade de alma, com olhos misteriosos e humildade diante de tudo. Estas pessoas fascinam-me…
Que difícil é encontrar alguém que te queira pelo que és dentro de ti, que te escute e te compreenda, sem juízos de valor nem criticas.
Por vezes a solidão é uma forma de gerar os “ingressos” suficientes para poder ter um pouco mais de felicidade. Mas apenas isso, mais uma parte da tua vida. Em outras palavras nunca coloques a solidão antes do teu amor, sexo, família ou da tua felicidade.
Sabemos na realidade o significado da palavra esquecimento?
Esta palavra está composta por 12 letras que são fáceis de pronunciar, mas quando estamos a amar alguém com intensidade, como podemos utilizar esta palavra na nossa vida? Não existe nenhuma medicina para te ajudar a esquecer, por vezes nós queremos tanto esquecer, que sem darmos conta aumentamos mais esse sentimento de amor que existe em nós e quando essa pessoa amada já não está no nosso mundo, sentimos a falta dos seus beijos, suas carícias, suas palavras, que te fazem sentir a pessoa mais feliz do mundo. A realidade é dura quando alguém não quer ver, e mais dura não a poder aceitar.
Sozinhos aprendemos a olhar para o mundo, descobrimos que os momentos são eternos e que não podemos deixá-los passar…são os instantes que caminham ao teu lado o resto da tua vida, sem que te dês conta que sempre estão aqui. Embora tudo em algum momento há-de passar e é sempre bom aprender a não esquecer.
O que aprendemos com o amor? Aprende-se que amar também é liberdade e que dar tudo jamais é suficiente.
Os ciúmes? Os ciúmes não são mais do que o reflexo da insegurança, mas quando se quer muito é difícil de controlá-los, o medo de perder o ser amado é forte e isso faz com que nos esquecemos da razão…
É necessário saber esperar, porque a paciência é uma grande virtude. Embora a vida dê mil voltas, sempre existe um lugar ao qual queremos regressar.
Com esta filosofia e com um toque de picardia, devo viver esta e outras vidas, sabendo que sou um pedaço deste universo, por vezes o mais importante do meu infinito e espero chegar ao Peace Of Mind e à felicidade plena…
Pensamentos escritos ao som de várias musicas de Depeche Mode

segunda-feira, maio 22

The New World

Sinceramente se alguém vai à espera de assistir a um filme de índios e cowboys, ou um Indiana Jones do século XVII estão completamente enganados na sala de cinema. O que iram ver é um filme puro, poético com grandes silêncios e que consegue colocar por várias vezes umas lágrimas no canto do nosso olho.
De facto, é extremamente difícil encontrar um filme com uma maior autenticidade de época que o filme “The New World”. Desde o momento em que os colonizadores chegam à costa americana com Colin Farrell (Captain John Smith) preso no porão do navio devido a algum crime não explicado, sente-se que recuamos no tempo, para outro ritmo e outra maneira de pensar.
Como o ultimo filme de Terrence Malick “The Thin Red Line”, A nível visual este filme é simplesmente poderoso, a acção é liberalmente misturada com imagens estáticas da natureza, onde o realizador consegue sequencias geniais utilizando o sol, nuvens, vento, trovões, pássaros, e até um pouco de neve tempestuosa. A edição destas imagens é muito estranha, sedutiva e rara, completamente diferente da gramática dos filmes cotidianos. Ao visualizarmos este filme estamos perante a mais bela e pura poesia, mas num outro idioma, o cinematográfico.
As personagens de “The New World” falam os pensamentos através de voz over ou falando directamente para a câmara, em vez de levarem as habituais conversas de toma lá dá cá.
O amor?
Devemos negá-lo quando ele nos visita?
Não devemos pegar o que nos é dado?
Há apenas isso?
Tudo o mais é irreal...
Colin Farrell e Q'Orianka Kilcher (Pocahontas) são lindíssimos diante das câmaras, cena após cena, os dois correm através do bosque, rolam na relva ou fazem troca de olhares límpidos que conseguem penetrar o espectador com uma ternura e pureza indescritível, sempre, mas sempre extremamente belos.
As estações do ano chegam e partem, com uma magnífica banda sonora de Richard Wagner, que torna todas as imagens deste filme ainda mais cruelmente harmoniosas.

O que está certo? O mal? E...que é este homem? Tudo é perfeito quando estou com ele...ele flui atravès de mim...

De facto tudo é lindo neste filme, o amor, destino, a vida…pois é, a vida! “The New World” consegue transmitir a ideia de que a vida é cruel, indelicada, injusta – Life may be a Bitch – mas uma bitch bonita, a bitch mais bonita que poderemos imaginar…
No final deste post acho que falta qualquer coisa para acrescentar a este filme…mas querem um conselho de um piegas romântico incurável ;-) ? …Por favor! Não percam este filme…

quinta-feira, maio 18

Personalidade...


Hoje em dia na nossa sociedade é frequente nas revistas e na televisão assuntos relacionados com a astrologia e outros tipos de questões que tentam ser ciências mas não passam de conhecimentos tradicionais. Devido à vida agitada que levamos, muitas pessoas não possuem uma personalidade forte, vivem a sua vida em função da religião, astrologia e outro tipo de conselhos que sem querer podem mudar o rumo de uma vida.
Sinceramente nunca fui dado a religiões, horóscopos e outras situações que tentam colocar a nossa alma numa determinada direcção, sempre gostei de seguir o meu próprio caminho, bem ou mal hei-de de chegar a algum lado.
Bem, o que me levou a escrever este post foi o facto de recentemente ter recebido no mail um jogo denominado o “Teste do Porquinho” que descreve a nossa personalidade perante o desenho que precedentemente fizemos de um porco…mas disto vou falar um pouco mais à frente…
Então comecei a pensar…espera ai! E que tal se fosse pesquisar sobre a minha personalidade para verificar se coincidia ou se tudo era uma grande treta…
Iniciei a pesquisa pelo meu nome…de origem romana, Martius, nome pelo qual os guerreiros invocavam o Deus romano Júpiter. Deus romano do dia, geralmente identificado com o deus grego Zeus. Filho de Saturno e Cíbele, foi dado por sua mãe às ninfas de uma floresta distante onde o havia parido. Criado longe para não ter o mesmo destino cruel dos irmãos, que foram devorados pelo pai pois este não queria dividir seu mando com nenhum rival, voltou à morada dos progenitores após saber por meio de sua águia (aqui está a minha origem Benfiquista) de estimação todo seu passado. Júpiter casou-se com Juno, também conhecida como Hera na mitologia grega, é a rainha dos deuses. Juno e Júpiter tinham 2 filhos, Marte (Ares), deus da guerra e Vulcano (Hefesto). É aqui que o meu nome tem outro significado, segundo a pesquisa pertence a Marte, marcial, guerreiro e acha que o amor é uma sucessão de instantes maravilhosos. Realiza com minúcia suas tarefas e o dinheiro é suficiente para o imprescindível. Sinceramente para começar não está nada mal…aceito as origens do nome e concordo com a breve descrição de personalidade que está apegado ao nome.
De seguida fui rever as características do meu signo (Peixes) e ascendente (Sagitário) que recentemente me foi enviado por uma amiga. Passo então a descrever…
Sol e Lua em Peixes
A minha posição astrológica indica fluidez de carácter e receptividade infinita a uma multidão de forças ambientais. Minha compreensão e condolência estão cercadas, mas oscilando e vacilando, fico susceptível. Embora suave e bondoso a minha atitude para os amigos e sócios, sou frequentemente hesitante para iniciar uma relação (em cheio, gosto de escolher os meus amigos e não só). Os sentimentos delicados de meu carácter dependem muito de correntes externas para manter a actividade activa (concordo).
Trago a minha intensa sensibilidade para amar como também para relações humanas mais casuais. A chave para uma existência mais harmoniosa assenta focalizando claramente na minha consciência. (Não estava á espera que a descrição do meu signo fosse tão próxima da realidade...lol)
Agora o meu ascendente…
At the time of your birth the zodiacal sign of Sagittarius was ascending in the horizon. Its ruler Jupiter is located in the sixth house.
Sagittarius rising denotes lives which are very dualistic; situations come and go as if divided into two sides - success and failure. (é engraçado porque na astrologia funcionam sempre com os dois lados da questão, assim nunca falham…sucesso ou fracasso. É como dizer que estou morto ou vivo…)
You are able to raise the interests of your mind from common and trivial things to more profound subjects, your intellect will become very philosophical and attracted by law and peace, and it will be more intuitive than rational. On a higher intellectual level you may find yourself inclined to dwell in the deep complexities of philosophy, metaphysics, religion and law. In any case your life will be colored by impulsive and rather stubborn tendencies on your part, creating some inclination to go to extremes (é verdade que por vezes sou algo teimoso, ninguém é perfeito, mas no final acabo sempre por ouvir a outra pessoa...Peace and Love).
Sagittarius gives you a rather strong love of nature and makes you somewhat extroverted, demonstrative and passionate, falling in love frequently and without reservations. You are an intellectual, an intelligent person who has been fortunate enough to be granted also a good development of the emotional functions. (estou a achar isto um pouco estranho…parece que sou a pessoa ideal…mas não sou…tenho defeitos…onde estão?)
Your romantic life will be intense and varied ( Atenção! Porque as palavras que aqui estão escritas são "will be" e não "is", ou seja existe uma grande diferença). Your object of love may find you difficult to understand . In one aspect you will appear as passionate and energetic but because of the mutability of the sign you will also have an opposite tendency that will lead you away from involvement in the love affair and the latter impulse will be caused by a more inner trait, which is personal freedom.
Memory is strong and of a pictorial nature. The mind, however, is liable to become too subjective and shallow with an overemphasis on superficial learning and with little practical use or lacking in intellectual sensibility (estava a correr bem demais). On the favorable side, there exists a vast reservoir of creativity which could be successfully applied to such pursuits as writing and poetry (esta é em cheio, impressionante!). Physically, the Moon will give you an intensely active life full of changes, mobility and fluctuations.
Agora vem a parte pior…
Venus was found in the fifth house at the time of your birth. You are a person who could be regarded as fortunate in love and very successful (e de que maneira, resmas, paletes lol). Whereas Venus grants the basic capability to reach full enjoyment from love and emotional involvements, it also indicates a tendency to be somewhat inconsistent, volatile, and changeable in romance. Although you are capable of loving intensely and with devotion, the tendencies are to lose interest after a certain time. You would be in a better position if you could exert some control over your span of interest.
Bem desta já me livrei, vejamos então a minha personalidade segundo o jogo do porquinho que falei anteriormente….
Desenhei então o porquinho, que sinceramente mais parecia um extra terrestre com um focinho de porco, mas a intenção é que conta…
Como desenhei o porquinho na parte superior do papel sou optimista e positivo (hummm, penso que sou mais negativista…).
Como está a olhar para a esquerda, acredito em tradição, sou amigável e lembro-me de datas com facilidade, tipo aniversários, anos de casamento, de namoro, de noivado. (Amigável ainda posso ser, mas lembrar-me com facilidade de datas…meus amigos tudo menos isso. Esqueço tudo o que é relativamente relacionado com datas, então as de noivado e especialmente a de casamento é um espectáculo..estou a brincar. Se não fosse a agenda de telemóvel para me lembrar de certas datas, acho que até o meu aniversario esquecia)
Como o desenho não tem muitos detalhes, sou emotivo e ingénuo, não sou muito metódico e arrisco-me muito. (concordo com tudo o que está aqui escrito, só falta dizer que sou desarrumado…é verdade, não parece mas sou)
Desenhei as 4 patas e não 5 ;-), sou seguro de mim, obstinado, apego-me muito aos meus ideais. (e de que maneira)
O tamanho das orelhas indica se sou bom a ouvir os outros. Como o porco tinhas umas orelhas que pareciam duas enormes antenas, deve ser bom sinal em relação a ouvir o pessoal…(adoro ouvir as pessoas falarem comigo é um bom sinal de que confiam em nós)
O comprimento do rabinho indica a QUALIDADE da vida sexual que estamos a ter...(outra vez...quanto maior, melhor......), por acaso desenhei um rabo enorme…mas agora abstenho-me de fazer qualquer tipo de comentário…
Em estilo de conclusão acho que não consigo encontrar uma correcta descrição da minha personalidade, podemos retirar um pedaço deste, outro daquele, mas sinceramente foi uma boa surpresa. A verdade é que eu próprio nunca me debrucei sobre a explicação da minha personalidade…gosto de viver o dia a dia, tentar não me preocupar com as coisas (o que é difícil) e navegar num barco à espera que o vento me leve a algum lado…esperando que nunca encontre uma tempestade pelo caminho...

quarta-feira, maio 17

Sem adeus e Sem palavras


Duas janelas entreabertas,
Duas feridas crescidas no teu rosto,
Duas chagas que me olham com assombro,
Dois mares, desbordados e salobros,
De tristeza, prendida no teu olhar,
De uma boca sem voz e sem palavras,
De uma dor lacerante e repentina,
Perpetua e constante.
Acre, amargo, voraz e interminável,
Do teu rosto presente, minha derrota,
Da tua vida com estas lágrimas imortalizadas,
Tua ausência sem adeus e sem palavras.


Ao som de Ely Guerra - El Colchon

Kings and Queen


Ela é uma jovem mulher, o protótipo da elegância francesa, a forma de como ela sai da viatura e o ar parece brilhar à sua volta numa sequencia inicial do filme. O que se segue é a “deconstrução” de Nora (Emmanuelle Devos) com a riqueza de uma grande novela.
“Rois et reine” de Arnaud Desplechin é um extraordinário trabalho com uma grande profundeza, suspense, surpresas e uma combinação única de perspectivas.
Neste magnifico trabalho, Desplechin conta a história de Nora e o seu ex-namorado, Ismael (Mathieu Amalric), um violinista louco, que mantêm as suas vidas separadas durante todo o filme. É de salientar que o filme tem a duração de cerca duas horas e meia, mas o tempo passa praticamente imperceptível.
As personagens criadas, são vistas exteriormente, bem como nos seus pensamentos, passados e evoluções. O brilhante argumento e realização de Desplechin, revela tudo isto, quer para as personagens como para a audiência, proporcionando uma nova, elegante e fascinante história da vida do mundo dos adultos. Por exemplo, uma narração ilustrativa de um sonho através de um poema de William Butler Yeats, mas de um modo incongruente. Embora faça todo o sentido à personagem também está perfeitamente acessível ao espectador.
“Rois et reine” move-se ligeiramente em flashbacks no tempo e faz a ligação entre dimensões sem nenhuma pista visual clara que permita distinguir o que é a “realidade” do que é fantasia ou sonho da personagem. Exige uma grande atenção, concentração, suspensão da descrença e convicções. Mas não existe nada de astucioso no trabalho de Desplechin. É apenas um maravilhoso filme onde não utiliza grandes “malabarismos” e toda a sua complexidade é apresentada sem nenhum esforço visível.
O filme desde cedo que provoca na audiência uma impressão de relação “cósmica” entre Nora e o seu Pai, relação essa que é “armadilhada” quando Nora lê um excerto de um texto escrito pelo seu Pai. É a partir deste momento que todo o filme se vai reordenar e reinterpreta as personagens e as suas relações.
A estrutura desta película flúi destes elementos, de um modo bastante inteligente e sem duvida que estamos perante mais uma grande obra do cinema Francês...Doit voit ce film
Poema de Nora:
A água, foi a sede que a tomou
A terra, o mar que a atravessou
O êxtase, as agonias sofridas
A paz, contada pelas guerras
O amor, é um memorial
Já não tenho sede
Tenho agora os pés no chão
Encontrei a paz, finalmente

terça-feira, maio 16

Estou aqui para ficar e AMAR...


Não sei explicar o azar que ultimamente me persegue, mas depois de ultrapassado um grave problema com o meu PC, espero voltar em breve ao que gosto...de escrever…Mas enquanto isso não é possível, queria deixar a letra de uma musica que nunca me saiu da cabeça nestes dias em que perdi importantes "pedaços" de mim…

It don't matter, when you turn
Gonna survive, live and learn.
I've been thinking about you baby
By the light of dawn, and in my blues
Day and night, I been missing you


I've been thinking about you baby,
Almost makes me crazy,
Come and live with me

Either way, win or lose,
When you're born into trouble you live the blues

I've been thinking about you baby

See it almost makes me crazy child
Nothing's right if you ain't here
I'd give all that I have just to, keep you near
I wrote you a letter and tried to make it clear
That you just don't believe that, I'm sincere.

I've been thinking about you baby...

Plans and schemes, hopes and fears
Dreams i've denied for all these years

I've been thinking about you babe, living with me, well.....
I've been thinking about you baby, makes me wanna...child

Nothing's right, if you ain't here
I give all that I have just to keep you near
I wrote you a letter darlin', trying to make it clear
How much you just don't believe that I'm sincere.
Thinking about you baby, I want you near me

Ao som de Massive Attack with Terry Callier - Live With Me

sábado, maio 13

Poemas de Amor e Mar


I.
Tu nas rochas, eu no mar,
Os dois debaixo do sol que pesa,
Nada mais.
Talvez o mundo não exista,
E se existe para nós é igual,
Tão sozinhos, até ao horizonte,
Onde existe apenas rocha e mar.
Eu tentando oferecer-te,
Tu querendo-me chegar,
O sol pesando em nós,
E também sobre o mar.

II.
Irei contigo ao mar,
Que grande visão nos oferece!
Quero-te levar nos braços,
Como um anjo para não te molhar as asas.
Irei contigo ao mar,
Onde esconderemos as velas,
Dos olhares da inveja,
Que nos chegam desde terra.
Irei contigo ao mar,
E ao levantarem-se os beijos,
Terão um sabor distinto,
Na espuma do teu corpo,
Amor, verde, azul, branco,
Magia e sal.

Poemas escritos ao som de Collected – Massive Attack e inspirados num post magnifico! Brilhante! Do blog Darkest Shadow

sexta-feira, maio 12

À Deriva

Desde a minha solidão divaga a mente,
Voando entre vaivéns de brisa,
Que por minha imaginação se desliza,
No céu para seguir um caminho diferente.

Numa cortina de fumo é possível esconder,
A mão amiga que me faça estremecer,
E assim entre alentos de esperança,
Meu ser se vai vangloriando,
Nascendo dentro de uma crisálida,
Querendo transformar a solidão da minha agonia,
Num último suspiro que me leve à vida.

Sonho com o conforto,
Do teu corpo em que me ofereces a tua mão,
Que levanta a minha tímida face,
Me olhas, beijas e acaricias o torso,
Mudas o meu gesto com o teu olhar,
E com um beijo limpas uma lágrima que derrama no meu rosto,
Sorris, sorrio, me fazes feliz,
Com essa forma tua de me querer.

Mas na realidade apenas estou à deriva,
Onde chamo pelo teu nome,
Como um eco da minha fantasia,
Murmúrio doce trazido pelo vento,
Onde apenas quero que amarres a tua sombra no íntimo da minha vida.


Ao som de Micatone - Nomad Songs...um disco magnifico de um grupo que descobri recentemente.

quinta-feira, maio 11

Love at First Sight


O amor é lindoooo! Este é o pensamento com que ficamos quando o filme “Wicker Park” infelizmente termina. Este filme é um remake de um outro filme de 1996 com o título “L’ Appartement” em que participam Vincent Cassel e a belíssima Mónica Bellucci. Mas como não tive a oportunidade ver este filme, não posso fazer nenhum tipo de comparação e afirmar qual deles é o melhor.
O que acho estranho é o título com que “Wicker Park” foi distribuído em Portugal “O Apartamento” isto apenas justifica a falta de originalidade com que os filmes em Portugal são “catalogados”. Penso que o nome ideal a dar a esta película seria “Obsessão” e em modo de brincadeira porque não “Restaurante” já que grande parte dos desencontros e encontros se desenrola no “famoso” restaurante Bellucci´s, claro que o nome do restaurante para o filme foi em dedicatória à actriz que contracenava na versão original do filme (Mónica Bellucci).
Explicando o filme por alto, sim porque existem pessoas que provavelmente ainda não o viram ;-)
Josh Hartnett interpreta a personagem de Mathew um jovem executivo que passou de técnico de reparação de câmaras de filmar em Chicago para um publicitário de sucesso em Nova Iorque e devido ao seu trabalho terá que fazer uma viagem à China. É então de volta á sua cidade que encontra por acaso um velho amigo Luke e tem a sensação de ver uma antiga namorada Lisa (Diane Kruger). Mathew que entretanto está noivo da filha do patrão entra num estado de “pânico” ao chegar ao ponto de cancelar a sua viagem á China.
O que se desdobra durante as próximas duas horas é a história de Mathew e Lisa. Como eles se encontraram, como eles abruptamente se separaram, e os mistérios estranhos que estão escondidos no passado.
A busca desesperada de Mathew a Lisa faz-nos sentir por vezes que estamos perante um filme de mistério ou até com homicídios, sim porque temos revelações surpreendentes, torneiras deixadas abertas em quartos de hotel e aquela música de arrepiar á base de xilofone em cada esquina.
Mas no seu “coração” “Wicker Park” finalmente revela-se a si próprio com um romance, embora de forma algo estranha.
A narrativa de ”Wicker Park” é construída com um puzzle, em que cada cena revela mais pormenores acerca das personagens e os seus percursos inesperados nos quais os seus destinos se cruzam.
O filme “funciona” melhor se o visualizarmos sem noções preconcebidas sobre o que vai acontecer e “abre” toda a história na sua metade. Conforme a historia avança, o passado é revelado por uma série de flashbacks e eventualmente, temos a oportunidade de ver várias situações de um ponto de vista diferente. Mas perto do final, temos uma completa noção de praticamente todos os eventos e percebemos que as pessoas que inicialmente eram “culpadas” não são tão culpáveis como parecem.
Não posso deixar de referir a magnifica interpretação de Rose Byrne (Alex), ela preenche a personagem com uma incerteza e obsessão tal e qual de uma teenager que genuinamente nunca teve a oportunidade de crescer e adiciona uma quantia perfeita de alívio cómico em alguns momentos mais sérios.
O realizador Paul McGuigan utiliza uma atmosfera desorientada e um estilo visual, utilizando filtros na imagem e técnicas de focagem bem como por vezes divide o ecrã em dois para mostrar acções e emoções simultâneas na qual a narrativa dá as suas voltas.
“Wicker Park” é um filme muito interessante, especialmente do ponto de vista de como pode existir amor à primeira vista, como pode resistir ao passar do tempo e demonstra que a nossa vida é cheia de encontros e desencontros…já agora…adorei um pormenor no filme…conhecer a pessoa pelo odor...é lindoooo!
Não posso deixar de referenciar os meus eternos agradecimentos à .:.Sister of Night.:. pela recomendação deste filme ;-)*

Love makes you do crazy things, insane things. Things in a million years you'd never see yourself do.

Things don't have to be extraordinary to be beautiful, Even the ordinary can be beautiful.

quarta-feira, maio 10

A Simplicidade pode ser Complicada




Qualquer palavra que queiramos utilizar para definir este filme, saberá sempre a pouco.
A realizadora de “Me and You and Everyone We Know”, Miranda Jennifer Grossinder, mais conhecida no meio artístico por Miranda July. É engraçado que o apelido de “July” foi escolhido segundo Miranda, devido ao facto de ser o mês (Julho) em que se sente mais criativa. Aqui está um indício da simplicidade de Miranda July.
Embora não veja os filmes por ganharem prémios, mas não devemos esquecer que esta película foi premiada no festival Sundance, além de ter recebido a câmara de ouro no festival de Cannes e muitos outros premios em vários festivais de cinema.
July é um versátil dínamo, ela faz curtas-metragens, instalações sonoras, performances multimédia, trabalhou numa rádio, publicou em livro pequenas histórias e não esquecendo a sua principal “veia” artística de artista plástica.
“Me and You and Everyone We Know” é uma historia impressionista, um pedaço de um conjunto que une um grupo de diversas pessoas numa serie de episódios perdidamente relacionados. Não há exactamente personagens centrais, uma vez que prevalece um curioso efeito coral, quase melodramático. Em todo o caso, tudo se desencadeia a partir dos encontros e desencontros de Richard (John Hawkes) e Christine (a própria Miranda July).
Richard é um empregado de uma sapataria que está em fase de divorcio com a sua mulher, onde têm dois filhos que obviamente estão desorientados com a situação dos pais. Chistine é uma jovem que mantém um serviço de taxi para idosos, ao mesmo tempo que se entrega às suas mais ou menos insólitas artes performativas.

If you really love me, let's make a vow - right here, together... right now.

Mas este filme está recheado de personagens curiosas e ao mesmo tempo apaixonantes…há uma miúda que colecciona miniaturas de electrodomésticos para o seu casamento, um dos dois filhos de Richard, naufragando na recente separação dos pais, o mais novo dos quais, de sete anos, marca inadvertidamente um encontro erótico através da Internet, (provavelmente dos melhores momentos do filme), um par de raparigas adolescentes e determinadas a explorar a sua sexualidade, um vizinho com uma plena fantasia sexual, um idoso que se apaixona por uma mulher que está ás portas da morte… e podia continuar a descrever mais algumas personagens que povoam este magnifico filme…desculpem, mas não podia deixar de referir o peixe de aquário em cima do carro, que cena genial!
Este filme é uma mistura matizada de inteligência, idealismo e realidade, onde a imaginação fértil de July preenche o ecrã com incidentes, muitos dos quais são perceptivos e encantadores. Existe um look de uma crónica realista que se vai transfigurando em conto quase fantástico, mas de um fantástico puramente interior, enraizado nos afectos que as personagens partilham ou tentam partilhar. Onde tudo isto é filmado com a precisão de uma observadora que oscila entre a austeridade psicológica e a sedução abstracta, porventura integrando algo das suas experiências também como artista plástica.
O seu olhar possui as virtudes de uma simplicidade que não esconde a complexidade do mundo e as suas relações, bem como explora as tentativas de atravessar a brecha da solidão existencial.
A frescura da visão de July é evidente e muito bem vinda…bem, não escondo que este filme é sem duvida um padrão para a minha visão do mundo, apenas posso e quero recomendar este filme ao maior número de pessoas que conseguir, embora a tarefa esteja difícil devido ao adiamento da estreia deste filme em Portugal, que estava marcada para o dia 11 de Maio mas infelizmente foi alterada. Quem conseguiu ver este filme no festival Indie que decorreu em Lisboa, de certeza que partilha estas opiniões, quem não teve a oportunidade de ver…tenho que fazer qualquer coisa, mas o quê?

Estrada de Ninguém


Por vezes encontro-me a pensar em demasiadas coisas e esqueço-me de viver…
Hoje enquanto tomava um duche de água quente, deixei a agua cair sobre a minha cabeça uns minutos mais do que o costume, para assim não deixar chegar nenhum pensamento à minha mente. Ao chegar ao meu quarto escutava uma música que deixei a tocar antes de ir para o duche, que acompanhou esse momento.
Apenas quero adormecer…essa coisa tão peculiar. Nós temos uma cama (alguns não têm essa sorte) onde nos colocamos em posição horizontal e fechamos os olhos e provavelmente vamos a algum lugar e vivemos em plena e intermitente actividade, momentos imprecisos de alegria, de angustia, de medo, de amor, de ilusão, de desilusão, de contradição e inclusive de reencontro com pessoas que há muito tempo que deixaram de surgir na nossa historia que escrevemos dia após dia. Entretanto nossos músculos se relaxam e o nosso corpo, talvez melhor, o nosso organismo descansa como se de uma recarga de pilhas se tratasse, e assim cedemos a luz suficiente para desfrutar de um novo dia que nos espera ao despertar.
Esta noite existem duas velas que iluminam o meu quarto. Mas não é essa a luz que hoje necessito…

Caminho pelas ruas,
Sou mais um por aqui,
Onde o vento resvala por pequenos silêncios,
E onde as sombras se escondem da luz,
Não entendo nada disto,
Nem nada entende nada,
Nem nada há que entender,
Neste mundo que nada oferece.
Pensamentos ao som de Portishead - Roads

terça-feira, maio 9

Procurei mas não encontrei...


Ontem estive à tua procura,
Procurava-te num sonho profundo,
Apenas queria trazer-te a meu lado,
Para te arrastar ao meu mundo.
Para lutar corpo a corpo,
Sem palavras, sem rodeios,
Numa luta infinita,
De onde vivem os desejos.

Estes beijos que anseiam morder a tua boca,
Estes lábios que esperam deslizar pela tua alma,
Marcas de uma paixão que queima,
Na pureza absoluta da tua pele,
Rosas vermelhas que choram o teu perfume.

Estes beijos que te dou só com um olhar,
Estes olhos que estão entre abertos de surpresa,
Velas deste amor embelezado,
Que me fazem teu escravo, cativo.

Estes beijos que perguntam pelo teu corpo,
Estes lábios que esperam tua ternura,
Fogueiras de delírio que me invadem,
Fragrância de uma paixão que me conquista
.


Ao som de Micatone - Nine Songs