segunda-feira, maio 22

The New World

Sinceramente se alguém vai à espera de assistir a um filme de índios e cowboys, ou um Indiana Jones do século XVII estão completamente enganados na sala de cinema. O que iram ver é um filme puro, poético com grandes silêncios e que consegue colocar por várias vezes umas lágrimas no canto do nosso olho.
De facto, é extremamente difícil encontrar um filme com uma maior autenticidade de época que o filme “The New World”. Desde o momento em que os colonizadores chegam à costa americana com Colin Farrell (Captain John Smith) preso no porão do navio devido a algum crime não explicado, sente-se que recuamos no tempo, para outro ritmo e outra maneira de pensar.
Como o ultimo filme de Terrence Malick “The Thin Red Line”, A nível visual este filme é simplesmente poderoso, a acção é liberalmente misturada com imagens estáticas da natureza, onde o realizador consegue sequencias geniais utilizando o sol, nuvens, vento, trovões, pássaros, e até um pouco de neve tempestuosa. A edição destas imagens é muito estranha, sedutiva e rara, completamente diferente da gramática dos filmes cotidianos. Ao visualizarmos este filme estamos perante a mais bela e pura poesia, mas num outro idioma, o cinematográfico.
As personagens de “The New World” falam os pensamentos através de voz over ou falando directamente para a câmara, em vez de levarem as habituais conversas de toma lá dá cá.
O amor?
Devemos negá-lo quando ele nos visita?
Não devemos pegar o que nos é dado?
Há apenas isso?
Tudo o mais é irreal...
Colin Farrell e Q'Orianka Kilcher (Pocahontas) são lindíssimos diante das câmaras, cena após cena, os dois correm através do bosque, rolam na relva ou fazem troca de olhares límpidos que conseguem penetrar o espectador com uma ternura e pureza indescritível, sempre, mas sempre extremamente belos.
As estações do ano chegam e partem, com uma magnífica banda sonora de Richard Wagner, que torna todas as imagens deste filme ainda mais cruelmente harmoniosas.

O que está certo? O mal? E...que é este homem? Tudo é perfeito quando estou com ele...ele flui atravès de mim...

De facto tudo é lindo neste filme, o amor, destino, a vida…pois é, a vida! “The New World” consegue transmitir a ideia de que a vida é cruel, indelicada, injusta – Life may be a Bitch – mas uma bitch bonita, a bitch mais bonita que poderemos imaginar…
No final deste post acho que falta qualquer coisa para acrescentar a este filme…mas querem um conselho de um piegas romântico incurável ;-) ? …Por favor! Não percam este filme…

5 Comments:

Blogger poca said...

eu diria mais...
eu diria que todos nós temos cá dentro este tipo de pureza...
eu diria que todos nós somos assim extremamente belos quando somos nós...
eu diria que estamos todos a precisar de nos lembrar como era...
eu diria que antigamente, antes de começarem as supostas expedições em busca do desenvolvimento, os homens eram bem mais desenvolvidos ao nível do ser e do sentir!
Não pude deixar de reparar que certos sentimentos que prevalecem por cá como a ganância, o viúme, a inveja, a prepotência... eles não tinham!
Não pude deixar de reparar como eles falavam pouco... e no entanto percebíamos tantooo
Hoje as pessoas falam muito, gritam muito, para preencher o vazio em que se aprisionaram neste mundo evoluído..ninguém se entende!
preferia agora ainda... não saber o que é um dia... um mês uma hora. preferia não ter a vida contabilizada ao segundo!
preferia ser livre!
do que levar a vida a repetir uma tarefa que sei fazer (trabalhar), só para poder "ter" tudo aquilo que este mundo decidiu que tinhamos de ter para ser felizes.
não somos!
os pais atafulham os filhos de coisas mas já não se sentam no chão a brincar e a ouvir os filhos!
já niguém ouve ninguém!
temos uma sociedade dividida, revoltada com o governo, que às vezes se esqueçe tudo e se une por detrás da cortina do futebol!
esses ainda assim, são os poucos momentos em que temos orgulho de ser portugueses...
os indios são a prova de que podemos viver em harmonia com a natureza...
os indios são a prova de que é possível entendermo-nos e ouvirmo-nos no silêncio...
os homens desenvolvidos... destroem a maior riqueza que poderiamos ter... num lamaçal deserto que só cheira a fome, doença e a maldade..

Impressionante de facto o filme.
Eu vim de lá desejando poder viver aquele tipo de pureza, aquele tipo de autenticidade.
Eu vim de lá a desejando sair deste mundo não sei como... e ir para um novo mundo.

(desculpa o testamento, mas de facto é um assunto que me toca)
poca

11:35  
Blogger Taliesin said...

Ena! Estou estupefacto com esta exposição de ideias digamos “esquerdistas”, nem imaginas o gozo que me deu a ler este comentário…dá cá mais cinco!
A beleza deste filme consegue espalhar-se com diversas mensagens, embora no meu post quisesse evidenciar mais o lado do amor, embora a pureza do ser humano poderá ser tb objecto de discussão.
Já agora transcrevo um dos pensamentos do Capitão John Smith em relação aos índios depois de estar a viver com eles…« eles são gentis, afectuosos, fieis, nunca querendo trapacear ou passar a perna no próximo. As palavras para mentira, engano, ganância, inveja, calunia e perdão nunca tinham sido ouvidas. Eles não têm ciúmes, nem sentido de possessão…»
Depois deste pensamento podemos observar que o ser humano em nada mudou até aos dias de hoje ;-), estou a brincar!
Bem não te preocupes com os teus testamentos, são sempre bem vindos, especialmente com esta profundidade de pensamento…
Um grande beijo para a camarada poca

20:28  
Blogger poca said...

por acaso essa passagem também me ficou retida em pensamento. "... palavras para mentira, engano...." (mas confesso que não completa! ;P vi no cinema!)
é de facto.... sinto-me pequenina perante isto! tenho inveja disto! eu queria poder vivenciar isto!!!

Em relação ao Amor... diria que o amor tal qual como foi demonstrado entre eles... foi bonito... foi silencioso... foi intenso... também o queria.. a este amor que vi na floresta... no tempo que passaram juntos... no carinho... na compreensão... na partilha!
mas a forma como acabou... mostrou-me um amor só de um lado... e a tal ganância do outro.. onde a fome de poder foi superior ao amor... e onde ele proprio esqueceu tudo o que tinha vivido... como se não lhe tivesse tocado!
esse amor que volta costas e deita tudo a perder, a mim desilude-me.
quero o amor amor. o outro. da floresta.

dorme bem... beijinho

01:25  
Blogger Taliesin said...

O Amor da floresta...tb eu...é lindooooo!
Bem só espero que as pessoas que leiam estes comentários já tenham visto o filme...senão façam de conta que não leram nada...

18:38  
Anonymous Anónimo said...

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23:21  

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