terça-feira, setembro 12

És a Lembrança...

És a lembrança e quero,
Que numa noite, surjas como uma deusa,
Em que o nosso grito silenciará,
A agonia dos beijos naufragados.
Desde sempre,
Mesmo antes de nascer,
Estávamos destinados um para o outro,
Desta maneira estranha.
És a lembrança das formas,
Das distancias, da essência.
Á deriva anseio escutar o teu nome,
Como um eco da minha fantasia,
Murmúrio doce trazido pelo vento,
Que amarra a tua sombra na minha.
Um vento livre que sopra numa vela,
Um vento de levante,
Profundo, fresco, distinto e desgarrado.
Somos terra e água numa carícia constante,
Possuir, beijar, rompendo.
Depois…
Já não importa morrer,
Tu e eu repousando como massas,
Como estrelas imensas consumidas pela paixão.
Morrer…
Com um sabor de prazer entre os lábios,
E um orgasmo de sol em retirada.

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"Lets go out tonight" de Craig Armstrong também é lindíssimo...mas este tema com as palavras que lançaste aqui no teu canto...deliciosamente tocantes...

xxx

O pó das estrelas como o líquido que corre nas nossas veias, perante o legado das nossas origens e que fizeram lá atrás, há muito tempo atrás, a união das almas...a separação em diversos elementos recuperados em tantos outros corpos...o reencontro esperado e despertado por entre um olhar, uma palavra, um beijo e abraço, um toque, um adivinhar de existência, um respirar...a decisão única de retomar juntos essa caminhada pelas vidas restantes, como retomar a tal origem inicial...lindo, lindo, lindo...qualquer dia vou "raptar" este poema e colocar lá na Teia! : ) Sim?!

xxx

Quanto à Laura Esquivel como vício...deixei-te uma resposta lá na Teia, no tópico do beijo.
E deixo-te depois de te reler e ouvir esta excelente selecção musical...também com um beijo...

12:20  
Blogger sofya said...

este post tá a merecer uma bolinha vermelha no canto superior esquerdo!! (ou direito.. depende.. lol)
agora a sério, lindissimo post este ***

20:16  
Anonymous Anónimo said...

"A minha avó tinha uma teoria muito interessante, dizia que embora todos nasçamos com uma caixa de fósforos no nosso interior, não os podemos acender sozinhos, precisamos, como na experiência, de oxigénio e da ajuda de uma vela. Só que neste caso o oxigénio tem de vir, por exemplo, do hálito da pessoa amada; a vela pode ser qualquer tipo de alimento, música, carícia, palavra ou som que faça disparar o detonador e assim acender um dos fósforos. Por momentos sentir-nos-emos deslumbrados por uma intensa emoção. Dar-se-á no nosso interior um agradável calor que irá desaparecendo pouco a pouco conforme passa o tempo, até vir uma nova explosão que o reavive. Cada pessoa tem de descobrir quais são os seus detonadores para poder viver, pois a combustão que se dá quando um deles se acende é que alimenta a alma de energia. Por outras palavras, esta combustão é o seu alimento. Se uma pessoa não descobre a tempo quais são os seus próprios detonadores, a caixa de fósforos fica húmida e já nunca poderemos acender um único fósforo.
Se isso chegar a acontecer a alma foge do nosso corpo, caminha errante pelas trevas mais profundas procurando em vão encontrar alimento sozinha, não sabendo que só o corpo que deixou inerme, cheio de frio, é o único que poderia dar-lho."
(...)
"Se por causa de uma emoção forte se acenderem todos os fósforos que temos dentro de nós de uma só vez, dá-se um brilho tão forte que ilumina para além do que podemos ver normalmente e então perante os nossos olhos aparece um túnel esplendoroso que nos mostra o caminho que esquecemos no momento de nascer e que nos chama a reencontrar a nossa origem divina perdida. A alma deseja reintegrar-se no local de onde vem, deixando o corpo inerte... (...)
Tirou da gaveta da sua secretária a caixa de fósforos que John lhe tinha oferecido. Precisava de muito fósforo no seu corpo. Começou a comer um a um os fósforos que a caixa continha. Ao mastigar cada fósforo fechava os olhos com muita força e tentava reproduzir as recordações mais emocionantes entre Pedro e ela. O primeiro olhar dele, o primeiro toque das suas mãos, o primeiro ramo de rosas, o primeiro beijo, a primeira carícia, a primeira relação íntima. E conseguiu o que queria. Quando o fósforo que mastigava fazia contacto com a luminosa imagem que evocava, o fósforo acendia-se. Pouco a pouco a sua visão foi-se aclarando até que diante dos seus olhos apareceu novamente o túnel. Ali, à entrada, estava a luminosa figura de Pedro, à espera dela. Tita não hesitou. deixou-se ir ao seu encontro e ambos se fundiram num grande abraço e sentindo novamente um clímax amoroso partiram juntos para o éden perdido. Já nunca mais se separariam.
Nesse momento os corpos ardentes de Pedro e Tita começaram a lançar faíscas brilhantes. Estas pegaram fogo à colcha que por sua vez incendiou todo o rancho."

in COMO ÁGUA PARA CHOCOLATE
de Laura Esquivel



: )

03:54  
Blogger Taliesin said...

Su!!!!! :O
Por acaso reparaste no trabalho que tiveste em transcrever tudo isto? És incrível!!!
O fósforo...a chama que alimenta a paixão da alma e nos consegue transportar até ao nosso amor perdido…
Bjo

Sofya: Já que foram aqui colocados alguns excertos deste magnifico livro...Amiga! Bolinha vermelha??? Este poema não é nada, comparado com algumas cenas descritas neste livro!!!!lol
Kiss

17:40  
Anonymous Anónimo said...

: )

Nada de trabalho! Há palavras que merecem serem lidas, transcritas, usadas e abusadas sempre num bom sentido!
Revisitadas de todas as formaspossíveis.

Um beijo.

04:05  
Anonymous Anónimo said...

...passei para reler, para escutar a música ao som destas palavras, não as minhas como é óbvio mas as que deixas.
E para deixar mais um beijo a mais...

16:05  

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