Jogo Subterrâneo
''Jogo Subterrâneo'' (2005) é a segunda longa-metragem do realizador Roberto Gervitz em quase 20 anos este novo filme tem origem literária, num conto do escritor argentino Julio Cortazar. Aliás, a intenção do realizador era filmar a sua história em Buenos Aires, ainda no final dos anos 1980. Dificuldades logísticas, financeiras e revisões no argumento acabaram por originar uma espera de mais de uma década, obrigaram então a transferência da acção para São Paulo. Mas isto é somente um detalhe, pois o que se vê é apenas um grande centro urbano, que poderia ser em Nova York, Paris ou Lisboa. E este é o maior mérito desta obra: seu carácter cosmopolita.
Martín (Felipe Camargo) é um pianista de bar nocturno que, durante o dia, realiza um jogo bastante próprio: sai sem destino certo pelo metro da cidade. Assim que encontra uma mulher que lhe desperte o interesse, traça, secretamente, um caminho para ela seguir. Se a sua predestinação se confirmar - algo praticamente impossível - isso serviria como indício de que aquela seria sua grande paixão, a pessoa de sua vida. No meio de um processo tão vazio quanto arriscado, ele vai se envolvendo com algumas mulheres, mas sem desenvolver nada mais profundo. Isto, é claro, até o dia que alguém irá lhe chamar tanto a atenção a ponto de fazer com que quebre as suas próprias regras, caindo, a partir de então, numa sequência de reviravoltas e descobertas que irão abalar suas convicções de tanta certeza e organização.Ana (Maria Luiza Mendonça, arrebatadora) quando entra em cena, sua presença é tão forte que tudo passará a girar ao seu redor. É uma mulher misteriosa que pouco revela de sua vida. Mas apesar do medo e da desconfiança mútua, nasce entre os dois uma paixão que irá se equilibrar no ténue fio dos segredos.
Universal, contemporâneo, ''Jogo Subterrâneo'' pode ser encarado como um desfile das condições actuais em que os relacionamentos se desenvolvem, principalmente os amorosos. Nunca sabemos o ''mundo'' que a pessoa ao nosso lado representa, e todo envolvimento é uma espécie de aposta. Gervitz consegue transmitir bem essa ideia. Dono de uma edição ágil, de uma banda sonora belíssima e de uma fotografia estudada, este filme difere do padrão tradicional, mais por não estar preocupado com mensagens ou com os anseios de uma opinião do público, mas sim em contar uma história, pura e simples.
Eu adorei…
Eu adorei…
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