segunda-feira, julho 17

Homenagem...Crazy Diamond


Embora tivesse falecido há mais de uma semana (no dia 7 de Julho), não podia deixar de fazer esta homenagem a um dos mais importantes nomes da música de todos os tempos.
Syd Barret foi um dos fundadores dos geniais Pink Floyd e teve, na verdade, uma breve vida musical. Gravou três singles e um álbum (The Piper At The Gates Of the Dawn ) com os Pink Floyd. Oito dos temas de The Piper At The Gates Of the Dawn são seus, e da sua obra e ideias nasceram inúmeras histórias de fascínio e admiração. Embora tivessem passado cerca de 4 décadas até aos dias de hoje, Syd Barret é referido por vários artistas como uma forte influência, além de ser denominado o criador do”Rock psicadélico”. A influência de Syd mesmo após a sua saída dos Pink Floyd é demasiado evidente na sonoridade do grupo, principalmente nos finais dos anos sessenta e ao longo da década de setenta. Também não podermos esquecer que dois dos maiores êxitos dos Pink Floyd “Wish You Were Here” e “Shine On You Crazy Diamond” foram compostos em 1977 por Roger Waters e David Guilmor, em homenagem a Syd Barret.
A solo registou dois álbuns, um terceiro, de "sobras", lançado mais tarde. Mas era um visionário, experimentando novas dimensões na construção das melodias e sobretudo nos seus arranjos.
Uma breve carreira a solo, da qual contudo nasceram discos devastadoramente belos (The Madcap Laughs), terminou em 1972, quando Syd parecia ter perdido todo o interesse pela música. Em 1974 vendeu à editora os direitos sobre os seus discos e, libras no bolso, mudou-se para um hotel em Londres. Esgotada a carteira, regressou para a cave na casa da mãe. Há quem veja nele um caso de esquizofrenia. Seja como for, Gilmour explicou, em recente entrevista, que o seu colapso mental seria inevitável. E que as experiências psicadélicas com o LSD não foram mais que um gatilho que o acelerou.
A sua música, quase toda ela composta entre 1966 e 67, traduz ecos de uma infância feliz, até ao dia em que o pai foi ceifado pela morte antes do tempo. A solo, contudo, o canto denuncia sobre estas palavras uma melancolia, quase desespero, solidão que mal comunica, entope e implode. Assim foi.
Gravou apenas um álbum inteiro com os Pink Floyd, mas é impossível falar na história e música do grupo sem o evocarmos, tantas que foram as marcas que acabou por imprimir numa obra que frequentemente abordou a doença mental, por vezes em referência directa a Syd Barrett. Mas consigo, sobretudo entre 1966 e 67, os Pink Floyd não só se afirmaram como a primeira banda psicadélica britânica, como uma das aventuras musicais mais visionárias desse tempo em que o som ganhou cor e novos sentidos de liberdade. Afastado, primeiro da banda, em 1968, depois da música, pouco tempo depois, viveu as três últimas décadas de regresso à Cambridge que o viu nascer em 1946. Abandonou o nome de guerra, Syd (roubado em inícios de 60 a um amigo baterista da sua cidade), e respondia de novo com o seu nome: Roger Barrett. Voltou a pintar. Aprendeu a cozinhar e começou a coleccionar moedas. Saía à rua para fazer compras, mas só falava com as empregadas das lojas. Paparazzi e fãs visitavam-no. Tiravam-lhe fotografias. Não gostava, mas gostava ainda menos que lhe falassem de quando era músico. Em 1998 a irmã, a única pessoa que se manteve por perto, ofereceu-lhe uma aparelhagem áudio, para que pudesse escutar os discos de que mais gostava: Rolling Stones, Booker T & The MG's e compositores clássicos. Pink Floyd não voltou a escutar. E quando a EMI lançou a antologia dos Floyd Echoes, em 2001, não se manifestou. Todavia, viu pouco depois, em casa da irmã, um documentário que a BBC transmitiu sobre a "sua" banda... Gostou, embora o criticasse por muito "barulhento". E saboreou, sobretudo, uma velha canção que lançara em 1967: See Emily Play. Há oito anos foi-lhe diagnosticada diabetes e prescrita uma medicação que nem sempre seguia à risca. E foi uma complicação associada à diabetes que, na passada sexta-feira, lhe roubou a vida. Em casa. Sem aparato. Sem gente por perto.

Excertos in DN

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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21:16  

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