quinta-feira, fevereiro 16

Pintar o Desejo



Caem os impérios, morrem os profetas
Nas minhas mãos um aroma a solidão
Que revivem os desenhos já feitos
Daquele amor perdido, que apenas existe a recordação.

Agora que escurece, ofereces-me o teu corpo
No silêncio arde o incenso a patchouli
As Palavras que são cravadas como esperança
Leio as mensagens que te escrevi.

Pinceladas fugazes que perco nas tuas pernas
Teu sexo me inspira num remoinho de cor
Arco-íris esquivos, palavras incompletas
O teu corpo desnudo, és a musa de um pintor.

Persigo entre traços de rosa e castanho
Aquele jogo prismático dos teus peitos a contraluz
Aperfeiçoo-o os lençóis quebrados na cama
Por explosões vorazes de têmpera verde e azul.

Perco-me no castanho dos teus olhos e cabelo
Sangro de vermelho, os teus lábios são paixão
Pinto de luzes incolores a aureola
Da tua pele, da tua boca, do teu sexo
Tu és a minha devoção!